Logo depois da videoconferência que o governador promoveu com os deputados estaduais, terça-feira, a Alesc aprovou uma prorrogação de ICMS para empresas que estão fechadas em função da quarentena.
Havia muito descontentamento em relação ao governo, que estaria sendo muito moroso em relação à criação de leitos, à chegada de insumos, enfim, nas ações que giram em torno do combate ao Coronavirus em Santa Catarina.
Durante a reunião virtual, Moisés da Silva falou por cerca de 40 minutos. Inclusive convidou dois parlamentares estaduais para fazerem parte do grupo que está na linha de frente na guerra contra a pandemia.
Só que o governador deu o seu recado, falou o que queria e bateu em retirada. Não interagiu com os parlamentares. Nenhum deputado fez sequer uma pergunta ao chefe do Executivo.
Pegou mal
Essa postura unilateral de Moisés acabou criando um grande mal-estar. Logo depois do monólogo on line, a bancada do MDB, justamente um partido que já esteve bem próximo do governo, articulou a aprovação do projeto que suspende o pagamento de ICMS das empresas que estão fechadas em função da quarentena.
Bolada
O desfecho é delicado. O ICMS representa 80% da arrecadação global do estado. Ou seja, surge um enorme problema de caixa. O ideal neste contexto seria a aprovação de linhas de crédito para financiar as empresas, e estas terem condições de pagarem os empregados e os impostos, fazendo o dinheiro circular.
Déficit
Somente em março, Santa Catarina registrou perda de R$ 200 milhões na arrecadação. As previsões para abril e maio, meses cheios, são sombrias. Estima-se uma queda de até R$ 1,2 bilhão.
Ladeira abaixo
A situação, que já é muito delicada, se agrava ainda mais. O governador tem o poder de vetar a postergação do ICMS, veto que, registre-se, pode ser derrubado pela própria Alesc. Está faltando conversa, entendimento. Para isso, contudo, Moisés da Silva precisa estar mais aberto e começar a dialogar com o Parlamento. Não adianta absolutamente nada fazer videoconferência e não ouvir os deputados.
Alerta vermelho
O caixa estadual entra em estado de total alerta também em função da desarticulação política. Infelizmente, o governador do estado não tem o gosto pela política. Como não se articula, acaba se deparando com situações difíceis como essa do ICMS. Que não é boa para a sociedade catarinense.