A escalada dos problemas e dificuldades sociais advindos da Pandemia de Covid19 também está escancarando o aumento das tensões no quadro político nacional, movimento que tem numa das pontas Jair Bolsonaro, adepto do confronto contra tudo e todos.
A emergência financeira que coloca estados e municípios à beira do precipício esticou ainda mais a corda, levando os bastidores ao limiar de toda esta situação que, na outra ponta tem figuras como Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o notável Supremo Tribunal Federal.
Maia deu mais uma tacada no sentido de tentar encurralar o presidente depois que seus “parceiros” do STF decidiram que são as outras unidades federadas – e não a União – que têm o poder de decidir as medidas de restrição ante ao quadro de contaminação pelo coronavírus.
O deputado descaracterizou o chamado Plano Mansuetto, que o Planalto, aliás, deveria ter retirado de pauta pois são formulações que não devem ser usadas em períodos de exceção como o atual, e aprovou a toque de caixa no Parlamento.
Engessado
Resumindo: na prática, o poder Executivo federal não apita mais nada em relação à quarentena, isolamento social, etc; e agora também vê escorrer por entre os dedos a capacidade de estratégicas definições orçamentárias.
Mesmo assim, quando avaliou-se que Bolsonaro, levado ao córner – também por conta da queda na popularidade – iria dar uma amenizada, o presidente optou por seguir na pressão.
Posição
Bolsonaro não só demitiu Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde como também manifestou-se novamente de forma mais ácida em relação ao iminente colapso econômico, provocando governadores e prefeitos.
Senhoras e senhores
Façam suas apostas. Quem vai vencer? No canto azul do ringue, o presidente, respaldado por trabalhadores autônomos, caminheiros, evangélico, micro e pequenos empresários, os fanáticos, e por aí vai. No canto vermelho, além de Maia e o STF, estão empresários inescrupulosos, representados pela Rede Globo, e todo o establishment da política tupiniquim, ecoando vozes da esquerda. Os canhotos, aliás, que estavam mortos, tentam ressuscitar, de forma oportunista, em meio à maior crise mundial desde a segunda guerra. Mas isso é um capítulo à parte.
Força no Legislativo
Vale registrar, neste contexto, que Jair Bolsonaro, em 2019, jogava com a opinião pública a seu favor, pressionando o Congresso. Agora, o tempo passa de maneira diferente. Tudo é urgente sob o ponto de vista orçamentário. O presidente não tem mais aquele tempo todo para levar gente para as ruas, mas pode vetar as investidas de Maia.
Xadrez
O Congresso pode derrubar os vetos, mas aí o Planalto finalmente parece que está entrando em campo para neutralizar e atrair a turma fisiológica do Centrão, onde há parlamentares de partidos como PP, PL, Republicanos e por aí vai. Se vierem cargos e emendas liberadas, veremos a nova força presidencial no Legislativo. O teste de fogo será no sentido de brecar, ou não, a iniciativa de Rodrigo Maia de mudar o regimento interno para seguir no comando da Câmara, possibilidade hoje inexistente.
Fator Alcolumbre
Ressalte-se, também, que se o povo for para as ruas pressionar Congresso e STF, a tendência é de que o presidente do Senado e, por extensão, do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, se bandeie para os lados de Jair Bolsonaro, o que faria a balança pender na direção do presidente e seus apoiadores.