Foi com grande comoção e com a alma em lágrimas, que recebi a infausta notícia da morte do Dr. Mário José Gonzaga Petrelli. Na data do seu descobrimento, perde o Brasil um dos mais eminentes e talentosos dos seus filhos.
Há um velho apotegma latino que diz: “Omnis definitio periculosa est”. Neste momento doloroso, ouso desafiar a milenar sabedoria dos romanos para definir o grande Amigo que nos deixa, depois de fecunda existência, como um dos melhores e mais virtuosos seres humanos que conheci nesta caminhada terrena. Este homem é o DR. MÁRIO JOSÉ GONZAGA PETRELLI.
Era um grande privilégio reunir-me com o Dr. Mário para enriquecer-me com sua cultura, sua inteligência vibrante, sua sabedoria e seu maravilhoso senso de humor. Bisneto do maranhense José Roberto Vianna Guilhon, primeiro presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina , o nosso querido Dr. Mário era detentor de uma memória prodigiosa e profundo conhecedor da História de Santa Catarina e do Brasil. dava gosto ouvi-lo discorrer sobre os acontecimento políticos, sobretudo da Era Vargas até os nossos dias.
Mas Mário Petrelli era um apaixonado pela sua Família, pelos seus amigos, por Florianópolis e por Santa Catarina. O mar, a terra, a História , as pessoas, nas suas qualidades e defeitos, a luz e as paisagens desta terra querida determinaram o ritmo de Mário Petrelli.
Mesmo sem ocupar mandatos políticos, Mário Petrelli tinha a aura de um homem de Estado. Ora, um homem de Estado é, antes de tudo um homem, sendo impossível entendê-lo sem nos olharmos dentro de nós mesmos para encontrarmos o que com ele temos em comum. Sentidos, sentimentos, ideias, impulsos, visões e ideais povoam a mente e o coração como a do ser humano mais simples e destituído. O que era singular em um homem como Mário Petrelli era a elevação paulatina dessas capacidades. As excelsas qualidades e a vida pública exemplar resultaram de esforço de ascensão de seu espírito.
O Criador me fez merecedor da amizade desse grande e admirável homem que nos deixa neste difícil momento da História Humana. Aristóteles, na sua insuperável “Ética a Nicômaco”, nos ensina que a amizade é uma forma de excelência moral ou é coexistente com a excelência moral, além de ser extremamente necessária na vida. E a amizade não é somente necessária, ela é também nobilitante, pois louvamos as pessoas amigas dos amigos. Além disto, há quem diga que a amizade e a bondade se encontram nas mesmas pessoas.
Neste instante de saudade, registro o quanto o Dr. Mário exerceu esse dom da verdadeira amizade.
Ele compreendeu que amizade é, antes de tudo, confiança; compreendeu também que é uma formidável e infinita experiência humana. Nada é tão própria aos amigos quanto a convivência na igualdade da estima recíproca.
Estamos tristes, mas com a certeza de que o nosso amigo Dr.Mário Petrelli foi um cristão verdadeiro e sabia que “é morrendo que se vive para a vida eterna”, como nos ensinou o Pai Seráfico.
Fernando Pessoa dizia que morrer é continuar.
Georgino Melo e Silva.