Chega a ser patético, inaceitável, sobretudo neste momento de pandemia, de crise aguda com empresas quebrando e empregos sendo subtraídos, redução de salários e por aí vai, um deputado ganhando holofotes com essa postura de fanfarrão, irresponsável, inconsequente. Do alto de sua calhordice, o cidadão foi à rede social, seu habitat natural, para levantar gravíssimas ilações sobre a vida pessoal do governador e de uma secretária da Casa Civil.
Não vou citar o nome dele. Não vai ganhar mais esta publicidade gratuita, pois este tipo de mandatário da nova era, da nova política, capitaliza nas rasosfera até mesmo quando é criticado, repreendido.
Evidentemente que este tipo de postura não cabe na Alesc. Em nenhum momento e muito menos agora, quando todas as energias do poder público devem estar voltadas ao enfrentamento da pandemia e suas consequências nefastas.
Reprimenda
Logo após o episódio ganhar grande audiência na internet, a presidência da Assembleia publicou uma nota – curta e direta -, manifestando sua total discordância em relação à atitude do parlamentar estadual. É um bom começo, mas é muito pouco. O precedente é grave. Se deixar correr solto, poderemos ter novos casos ali adiante.
Raposa no galinheiro
A Alesc precisa se mobilizar a partir de sua mesa diretora e tomar providências cabíveis e enérgicas, inclusive via Conselho de Ética da Casa. Colegiado do qual o dito deputado faz parte, o que, convenhamos, mostra sua total inoperância e inutilidade até aqui.
Não se trata de censura, mas tudo tem limites e esse eleito já ultrapassou todos os limiares aceitáveis da educação e da civilidade.
Avançando
Começaram a vazar informações sobre os depoimentos dos ex-secretários Douglas Borba (Casa Civil) e Helton Zeferino (Saúde), além da servidora Márcia Pauli no caso dos respiradores fantasmas.
Virou um jogo de entrega. Um entrega o outro. Isso é muito bom, pois os furos, as inconsistências e contradições sobre ilicitudes em meio à pandemia começam a ficar claras. Sabe-se que o mecanismo de dispensa de licitação em função do quadro social virou uma verdadeira farra para, digamos, acesso fácil e nada ortodoxo ao dinheiro público.
Facilidade
Vejamos. Douglas Borba disse, perante às autoridades policiais, que houve outra compra sem a necessária licitação e o pagamento antecipado sem garantias, que se soma ao já famoso escândalo dos R$ 33 milhões por 200 respiradores. Foram quatro milhões, negócio fechado junto a outra empresa e não aquela da baixada fluminense por uma quantidade bem menor de equipamentos.
O lobista
Zeferino devolveu no mesmo nível. Afirmou, em depoimento, que, sempre usando o nome do governador – de quem era uma espécie de primeiro ministro –, Borba teria feito pressão para viabilizar rapidamente o hospital de campanha de Itajaí, no valor de quase R$ 77 milhões; bem como a compra de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), compra que custaria módicos R$ 70 milhões do suado dinheiro dos impostos dos empresários e trabalhadores. Estes dos negócios não se concretizaram.
Lupa
À medida que os fatos vêm a tona, torna-se ainda mais inacreditável esta história, que segue muito mal contada. Necessário que o Gaeco e a CPI – com equilíbrio, de forma imparcial – se aprofundem sobre estes pontos e tragam tudo à luz do dia.
Estado no radar
Ontem amanhecemos com a notícia de que agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão na residência oficial, o Palácio das Laranjeiras, do governador do Rio de Janeiro e também no escritório de advocacia de sua mulher. A banca dela trabalhou para uma empresa que prestou serviços ao governo fluminense, a conhecida triangulação.
A tendência é que a PF comece a avançar em relação a outros estados. Poderemos ter novidades nas investigações sobre os respiradores fantasmas e pagos antecipadamente pelo governo catarinense a partir da entrada da Polícia Federal no circuito.