O texto abaixo é da lavra do procurador Fernando Comin, chefe do MPSC. Foi publicado em uma rede social e demonstra a clara preocupação dele em relação ao delicado momento político, com a crise institucional instalada no país.
“Acredito que o maior desafio das pessoas e das instituições, nesse período de instabilidade e tensão institucional, é o de continuarmos defendendo os mesmos valores e objetivos democráticos sem sermos capturados por um perigoso reducionismo ideológico que infelizmente tem imperado em nosso país, antagonizando desde as coisas mais simples da vida das pessoas àquelas mais complexas da vida em sociedade.
É lamentável e perigoso quando o policiamento ideológico de qualquer matiz se instala no tecido político e social, fazendo com que as pessoas tenham que ser identificadas a partir da perigosa e conhecida dicotomia “amigo-inimigo”. O nacional-socialismo alemão que o diga. É muito preocupante esse estado de coisas que se instala em nosso país. É da essência de uma democracia o respeito às divergências, à diversidade do pensamento e às instituições responsáveis pela sustentação do Estado democrático de direito.
O direito à livre manifestação do pensamento, como todo direito fundamental, pressupõe um exercício responsável e com respeito aos demais direitos e indivíduos igualmente filhos da mesma constituição. Com respeito e de forma pacífica, sempre haverá espaço para o exercício da crítica e do escrutínio público das ideias. Fora daí, algo está errado nesse Estado democrático que todos juramos defender.
Aos meus Colegas de Ministério Público brasileiro, instituição a qual incumbe, por expressa vocação constitucional, a “defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”, que saibamos prosseguir em nossa importante caminhada institucional com a serenidade e isenção ideológica que toda a sociedade espera das instituições neste momento tão difícil da história da humanidade e do nosso país, firmes na nossa missão e com os olhos voltados para as pessoas, identificadas em sua humanidade comum, além de cores, credos, sexo e ideologias.”