Blog do Prisco
Coluna do dia

O governador e os senadores

Se nada de extraordinário ocorrer, teremos eleições municipais em todo o Brasil no mês
de novembro. O primeiro turno no dia 15 e o segundo, aonde houver, no dia 29 daquele
mês.
As articulações com vistas ao processo avançam e poderão coincidir com o andamento
do processo de impeachment na Alesc, momentaneamente bloqueado por decisão
monocrática de um desembargador do Tribunal de Justiça.
Despacho que já mereceu recurso por parte do Procuradoria da Assembleia. A
reclamação do Legislativo foi protocolada no Supremo Tribunal Federal. Está sob a
batuta do ministro Luiz Roberto Barroso. Ele decidirá qual o rito que vale para o
impeachment em Santa Catarina. Se o estabelecido pela Alesc, nos moldes do processo
que levou à cassação de Dilma Rousseff em 2016; ou aquele determinado pelo
magistrado catarinense, que segue os passos do impeachment contra Paulo Afonso
Vieira, que em 1997 escapou por pouco da guilhotina.

Jurisprudência
Devido à dimensão do caso, Barroso, mesmo que a prática esteja caindo em desuso,
pode levar o assunto ao plenário do STF. O que geraria jurisprudência, considerando-se
que muitos governadores ainda poderão ser alvos de ações semelhantes em seus estados
por causa de compras mal feitas durante a pandemia. O que não é o caso em Santa
Catarina. Moisés da Silva, a vice-governadora e o secretário de Administração, Jorge
Tasca, respondem por suposto crime de responsabilidade no aumento salarial concedido
a procuradores do governo estadual. O escândalo dos respiradores entrou no pedido de
impeachment protocolado na Alesc esta semana, peça que ainda precisa passar pelo
crivo da Procuradoria e ser aceita pela Presidência para começar a tramitar.

Alianças
O quadro estadual é esse, contexto que pode conectar o impeachment e o pleito
municipal de novembro. Em Florianópolis, há ensaios nesta direção. Não está
descartada a possibilidade de uma ampla aliança para a disputa na Capital, onde se
localiza a sede do governo estadual.

Quarteto
Moisés da Silva (PSL) e os três senadores catarinenses, Esperidião Amin (PP), Jorginho
Mello (PL) e Dário Berger (MDB) poderão estar em torno de uma única candidatura
como alternativa ao prefeito Gean Loureiro (DEM), que é forte candidato à reeleição. A
esquerda, apesar das divergências de momento, tende a se aglutinar em torno do
professor Elson Pereira (PSOL), que disputou as duas últimas eleições municipais com
votações expressivas.

Idas e vindas
Gean Loureiro era do MDB, já foi do PDT, do PSDB e agora está no DEM desde o ano
passado, migração que provocou a ira dos emedebistas, tendo à frente o senador Dário
Berger, ex-aliado e agora adversário, quiçá inimigo do prefeito. Berger não quer saber
de apoiar Gean e já articula o nome do engenheiro José Carlos Rauen, que foi seu
secretário em várias pastas na Capital. Rauen já foi apresentado como pré-candidato do
partido.

No páreo
Além de Rauen pelo MDB e com respaldo de Dário Berger, temos no horizonte os
nomes do vereador Pedrão, ex-PP que agora milita no PL de Jorginho Mello e
finalmente a deputada federal Angela Amin, do PP, partido que há décadas tem em
Esperidião Amin sua grande liderança.

Disputa por espaço
O entendimento viria sob a perspectiva de se assegurar uma vaga no segundo turno,
muito provavelmente contra o próprio Gean Loureiro. Elson Pereira não pode ser
desconsiderado, mas é fato que os canhotos em geral acumulam brutal desgaste.

Polaridade
A hipotética convergência entre adversários de outrora que hoje têm um algoz em
comum polarizaria o pleito, quase como num repeteco de 2016, quando Angela perdeu
para Gean por 1,1 mil votos num universo de mais de 300 mil eleitores. Todo esse
arranjo, caso ganhe contorno concretos pode refletir também na Alesc, onde votos do
PL, MDB e PP poderiam se consolidar contra o impedimento do inquilino da vez da
Casa d’Agronômica.