Blog do Prisco
Coluna do dia

A República do avesso

A República do avesso

Considerado o verdadeiro homem-bomba em Brasília, o deputado Eduardo Cunha (PMDB) está protagonizando, por ora, um espetáculo de fogos de artifício. Manda recados para o Planalto e o PT – dizendo a interlocutores que vai explodir o governo – e atira para todos os lados, tentando desmoralizar o Ministério Público, o Executivo, a Polícia Federal e o instituto, constitucional, da delação premiada.

O que sua excelência, que chegou à presidência da Câmara via manobras e acordos impublicáveis, está fazendo é pura retaliação ao governo e ao PT. Algo inconcebível para um presidente de poder, função que exige, antes de tudo, a capacidade de atuar como magistrado. Mas é evidente que no frigir dos ovos, a capacidade de negociar (e o governo a tem de sobra) vai definir o cenário, principalmente junto ao PMDB, faminto por mais cargos e poder.

O que não muda a realidade atual: a República está do avesso, com os presidentes das duas Casas Legislativas, o próprio Cunha e Renan Calheiros, sob investigação. A eles, somam-se dois ex-presidentes, Lula da Silva e Fernando Collor, além de senadores, deputados e ex-parlamentares. A crise institucional está por um fio, até porque o rastro da Lava-Jato pode levar as apurações aos calcanhares de Dilma Rousseff.

A concretização da crise institucional depende agora exclusivamente da capacidade de o governo negociar com o PMDB e com as legendas menos influentes no Congresso, como o PP.

 

 

Consequência

Quem deve estar rindo à toa, com a situação de Eduardo Cunha, a grande estrela do noticiário policialesco dos últimos quatro dias, é o vice Michel Temer. As pretensões do presidente da Câmara, de apresentar-se como pré-candidato à presidência, explodiram.

 

 

 

Sintomático

Não é de hoje a preferência da maioria da bancada do PMDB catarinense em Brasília (seis deputados e um senador) por Michel Temer em detrimento de Eduardo Cunha. Alinhamento automático a Cunha, apenas Rogério Mendonça.

 

 

Promessa

Raimundo Colombo e o secretário Milton Hóbus (Defesa Civil) foram sábado ao Oeste. Visitaram áreas atingidas pelo mau tempo dos últimos dias. E prometeram a liberação de recursos para a reconstrução da região.

 

 

Outro lado

Enquanto a reação histriônica de Eduardo Cunha colocou mais combustível na tese de impeachment da presidente Dilma, agora já há parlamentares pedindo o afastamento dele da presidência da Câmara.

 

 

 

Balneário

Fábio Flôr, do PP, secretário do prefeito Edson Piriquito (PMDB), movimenta-se para ser candidato a prefeito de Balneário Camboriú. Ele é umbilicalmente ligado a Esperidião Amin. Se merecer o apoio de Piriquito, a direção estadual peemedebista seguramente entrará no circuito. Vale lembrar que os partidos são adversários históricos em Santa Catarina.

 

 

Estado terminal

O Porto de Itajaí está na ordem do dia, em Brasília. Há uma verdadeira cruzada na Capital para tentar salvar o terminal, à beira da falência. A APM Terminals, que administra o complexo, estaria disposta a investir R$ 165 milhões para a modernização. Mas o investimento depende da autorização do TCU (Tribunal de Contas da União) para que o contrato de arrendamento possa ser prorrogado. Hoje é de apenas oito anos.

 

 

Outro alvo

Além da cruzada para flexibilizar o estatuto do desarmamento, o deputado federal Rogério Peninha Mendonça (PMDB) empunha a bandeira pelo fim dos impostos para medicamentos. Semana passada, foi instalada uma comissão especial na Câmara para analisar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que impediria a tributação sobre os remédios.