A Polícia Federal em Brasília concluiu relatório sobre a compra dos respiradores e inocentou Carlos Moisés. “Inexistência de indícios de crime por parte do governador”.
Agora, o ministro do STJ deve abrir prazo para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste.
Por óbvio, o encaminhamento da PF deve refletir-se diretamente sobre o segundo processo de impeachment que tramita na Assembleia Legislativa, no qual se pede a cassação de Moisés da Silva justamente pela compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões. O pagamento foi antecipado, sem garantias e os equipamentos nunca chegaram.
Na terça-feira à tarde, aliás, a Alesc definiu os cinco deputados que vão compor o novo Tribunal Especial: Valdir Cobalchini (MDB), Fabiano da Luz (PT), José Milton Scheffer (PP), Marcos Vieira (PSDB) e Laércio Schuster (PSB). Na prática, a onda para derrubar Moisés da Silva cresceu, ganhou força e arrebentou na praia, mas o introvertido mandatário mostrou que tem mais sorte do que juízo. No intervalo de uma semana, o cenário mudou radicalmente. De carta quase fora do baralho, ele agora vai tirar umas férias forçadas para voltar logo ali adiante e, quem sabe, concluir o mandato para o qual foi eleito.
Rumo
Depois de quase dois anos, finalmente o governo de Santa Catarina começa a tomar o rumo para o qual foi eleito: alinhado ao governo federal, defendendo as pautas da direita conservadora, nos costumes; e liberal, na economia. Antes mesmo de assumir, Moisés da Silva já emitia sinais de que rasgaria as promessas de campanha. Depois de empossado, tratou de romper com Jair Bolsonaro, uma atitude no mínimo pouco inteligente. A partir dali, só reforçou sua fama de traidor no meio político e junto à parcela significativa do eleitorado. Daniela Reinehr está consciente que foi eleita na Onda Bolsonaro e tenta uma agenda com o presidente ainda esta semana.
Natimorto
Pergunta que não quer calar. Se o Ministério Público Federal for na mesma linha da PF e inocentar o governador no escândalo dos respiradores, a CPI não perde o objeto? Juridicamente, como o processo segue em curso, talvez não. Mas politicamente, o pedido de impedimento se esvazia já com o encaminhamento da Polícia Federal.
Mais suave
Aliás, em tese, esta composição de cinco deputados é menos hostil, digamos assim, ao governador afastado do que o quinteto de parlamentares escolhidos no primeiro processo de impeachment.
A volta do Bombeiro
Pelos corredores da Alesc, se fala abertamente que entre Moisés e Daniela, que volte então o Bombeiro da reserva. Daniela, se assumir por mais de dois anos, respaldada por Jair Bolsonaro, pode fazer uma boa gestão e se cacifar com vistas ao pleito de 2022. Tal perspectiva, evidentemente, incomoda poderosos de plantão.
Oportunidade
Daniela Reinehr, embora, neste momento, tenha a perspectiva de pouco tempo de governo, pode mostrar serviço e passar a ser respeitada por Moisés da Silva e alguns de seus secretários, que a tratavam como, para sermos educados, persona non grata. Alguns, inclusive, eram grosseiros mesmo com a vice. Como o governador tem aversão por fazer política, eis um espaço que ela pode ocupar já que parece disposta e aberta ao diálogo.