Na Capital, Ângela Amin é responsabilizada pelo resultado do PP depois de ter selado aliança com Dário Berger, um emedebista que sempre foi adversário e, em alguns momentos, até inimigo da família.
Abertas as urnas, ela não bateu nos oito pontos percentuais, um resultado desastroso. Quando se olha para Blumenau, também se observa um quadro sui generis.
Muita gente imaginava que Napoleão Bernardes, que não tem o tempo de rivalidade de Berger x Amin, mas que tinha antagonismo com João Paulo Kleinübing, teria participação na campanha do DEM. Afinal, PSD, partido de Napoleão, indicou o vice, o empresário Ronaldo Baumgarten, na chapa.
JPK foi prefeito por oito ano e acabou sucedido pelo próprio Napoleão Bernardes, que se reelegeu e saiu para a disputa majoritária de 2018, abrindo caminho para Mário Hildebrandt.
Mergulho estratégico
Só que Napoleão ficou absolutamente fora da campanha de primeiro turno em Blumenau. Nada, zero, esteve completamente fora do circuito. Em compensação, desde julho, quando se iniciaram os movimentos eleitorais deste ano, ele percorreu 140 municípios em toda Santa Catarina, em todo Médio Vale. Só ficou fora justamente em sua cidade.
Nomes
Explica-se: no começo do ano, Bernardes procurou Mário Hildebrandt, convidando-o a se filiar no PSD, partido que o tinha abrigado depois do desembarque do PSDB.
Só que o atual prefeito blumenauense não respondeu à sinalização. Neste contexto, Napoleão Bernardes procurou o empresário Ronaldo Baumgarten para assinar ficha na sigla. Aí quando o alcaide procurou o ex-prefeito, Baumgarten já havia acertado os ponteiros com João Paulo Kleinübing.
Alô?
Que, a seu turno, em nenhum momento fez contato com Napoleão. Nem por telefone.
Pelo contrário, durante a campanha de primeiro turno, Kleinübing bateu na tecla do comparativo entre os oito anos de sua gestão e os oito de seus sucessores. Evidentemente que nesta conta entram os seis anos de governo do próprio Napoleão. Filiado ao PSD, partido que indicou o vice de JPK.
O alvo
Definitivamente, o ex-prefeito demista não acertou nada na campanha. Acabou jogando o eleitorado de Napoleão no colo de Mário Hildebrandt ou até mesmo do promotor Odair Tramontin, do Novo, que por menos de 2 mil votos não chegou ao segundo turno.
DEM
Ao fim e ao cabo, o eleitorado do pessedista não votou em Kleinübing. Até gente do DEM ficou incomodada com a condução de JPK. Nos seis anos de Napoleão, vários demistas trabalharam na gestão do então tucano. Inclusive na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, área muito atacada por João Paulo.
Alhos e bugalhos
Aí vem o candidato e diz que no seu período de governo, 32 mil empregos foram criados em Blumenau ao passo que nos oito anos seguintes, houve um déficit de 4 mil. Comparar realidades diferentes nem sempre é inteligente. JPK administrou o país na bolha econômica, inflada artificialmente pelas manobras do PT, ao passo que Napoleão e Hildrandt assumiram no período em que o país já pagava a conta da irresponsabilidade fiscal, da corrupção e o desgoverno sob Dilma Rousseff e também Lula. Quando a economia começou a respirar, veio a pandemia.
Mira azeitada
Ou seja, uma estratégia sem pé nem cabeça. Muito provavelmente por isso, João Paulo Kleinübing fez pouco mais de 15% dos votos e Mário Hildebrandt quase 43%.
Definitivamente, a candidatura de Kleinübing foi pro espaço sideral depois destes erros grotescos. Obviamente que ninguém está dizendo que ele precisava desfilar pra cima e pra baixo com Napoleão a tiracolo. Mas disparar na gestão do sucessor foi um belíssimo e certeiro tiro no pé!