Realmente marcante a estadia de Dias Toffoli, ex-presidente do Supremo e ex-advogado do PT, em Santa Catarina. Da pior forma possível. Inimaginável em qualquer democracia saudável deste planeta.
Integrante do seletíssimo grupo de 11 togas supremas, Toffoli foi “homenageado”, sábado, por um grupo de empresários e políticos durante um almoço.
Dentre os líderes, destaque para o presidente da Assembleia Legislativa em final de mandato, Júlio Garcia (PSD). O parlamentar é denunciado no âmbito da Operação Alcatraz. Está na iminência de virar réu. E daí ficam confraternizando com um juiz do Supremo? Que negócio é esse? E se o processo que envolve Júlio Garcia chegar ao STF? Toffoli vai se declarar impedido ou vai, na maior cara-de-pau, votar e influenciar colegas?
Em Minas Gerais outro flagrante conluio com indício de promiscuidade suprema. Carmen Lúcia, outra que integra o grupo da elite da elite do Judiciário deste país, abriu sua casa em Belo Horizonte para receber o prefeito reeleito, Alexandre Kalil (PSD). Lá também estiveram Davi Acolumbre (DEM), atual presidente do Senado, e Rodrigo Pacheco, o candidato dele à própria sucessão marcada para fevereiro.
Arranjo eleitoral
O acordo? Pacheco se comprometeu a não disputar o governo de Minas Gerais para apoiar Kalil, do PSD, partido de Gilberto Kassab que, em contrapartida, vai respaldar o nome de Pacheco para comandar o Senado e, por extensão, o Congresso Nacional.
Sui generis
O que uma ministra do STF tem a ver com isso? É o fim da picada. Seria um gesto de retribuição depois que Alcolumbre mandou arquivar, ilegal e arbitrariamente (sem passar pelo plenário da Casa) 35 pedidos de impeachment contra ministros do STF? Sem falar na CPI da Toga, também mandada às favas, de forma monocrática, por Alcolumbre.
Definitivamente, este país precisa fechar para balanço. Nunca antes na história se viu tanta promiscuidade, à luz do dia, entre os poderes da República.
foto>Jorge Willian, O Globo, arquivo