O que o governo demorou para fechar e encaminhar a parte burocrática em relação ao processo de vacinação no país, a mesma gestão conseguiu dar uma bela compensada em termos de agilidade na distribuição. No domingo à tarde, a Anvisa liberou as duas vacinas que solicitaram registro no país.
Um dia depois (ontem), profissionais de saúde começaram a receber o imunizante em várias unidades da federação.
Descartando-se as idiossincrasias de Jair Bolsonaro, o paulista João Doria Júnior provou, definitivamente, que é uma espécie de Narciso abestalhado. Completamente fora de qualquer padrão seu comportamento em relação à vacinação. Querer protagonizar com o presidente da República numa hora extrema dessas? Pegou muito mal, essa é que é a grande verdade. Se ele quer tanto holofote assim que se candidate e vença a eleição presidencial. Ou então que coloque um nariz de palhaço e suba num poste.
Que hora para convivermos com espertalhões pensando única e exclusivamente em promoção pessoal em cima de uma desgraça mundial.
Eficiência
Agora é aguardar pra ver a eficácia real, na prática, da Coronavac e também da vacina de Oxford. A chinesa passou raspando nas exigências da Anvisa. Na verdade, foi liberada emergencial, temporária e experimentalmente devido ao quadro de agravamento da pandemia. O imunizante de origem inglesa parece um pouco mais eficaz. Mas uma olhada rápida nos principais países do mundo deixa muito claro que, por aqui, estão distribuindo, por enquanto, duas das piores vacinas. Mais ou menos naquela linha “foi o que sobrou” para este momento. Acompanhemos, querendo acreditar, ainda, que haverá a partir de agora, maior sintonia entre as diferentes esferas de poder no Brasil.
Independência
A Anvisa, registre-se, mostrou total independência e tecnicidade na liberação da vacina chinesa apesar de seus cinco diretores terem sido indicados por Jair Bolsonaro. Em outros tempos, não seria possível assistir a tal independência. Toda a máquina estava aparelhada e a serviço do projeto de poder dos donos de um partido.
Destino
O primeiro avião da FAB que decolou ontem de Guarulhos com as primeiras doses da vacina aterrissou em Florianópolis pouco mais de uma hora depois.
foto>Ricardo Wolffenbüttel, Secom