Com mais de 50 anos de história e ainda ostentando a marca de maior partido do estado, o MDB catarinense passa por um momento de turbulência decisivo em sua trajetória.
O partido perdeu o rumo após a morte de Luiz Henrique da Silveira, em 2015. Três anos depois, o desastre. O Manda Brasa ficou de fora do segundo turno da eleição estadual, realidade amarga que o partido ainda não havia experimentado. Desde a redemocratização, que trouxe a bordo a retomada das eleições diretas para governadores em 1982, o MDB sempre foi protagonista em Santa Catarina.
Exceção feita ao último pleito, quando o partido, dividido em várias facções internas e conduzido de forma personalista, teve que se contentar com um modesto terceiro lugar na corrida pelo Centro Administrativo.
Mesmo com o péssimo resultado de 2018, cardeais emedebistas deixam claro que não aprenderam a lição e que seus interesses pessoais seguem acima do futuro partidário.
Volta ao passado
O quarteto formado pelo senador Dário Berger (em fim de mandato), pelos ex-governadores Paulo Afonso Vieira e Eduardo Moreira (dois mandatos-tampões) e pelo ex-deputado Mauro Mariani, se articula e manobra internamente para tentar evitar a candidatura do melhor ativo eleitoral do MDB nos dias atuais: o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli. Nome, aliás, no qual várias legendas estão de olho, considerando-se a realidade interna do MDB.
Outsider
Conhecido por não compactuar com acordos e negociatas estabelecidas nos subterrâneos, Antídio assusta os velhos e carcomidos caciques. Que não estão nem aí para o MDB.
Feridas abertas
Se o partido continuar na toada desastrosa de 2018, corre seríssimos riscos de encolher para níveis nunca antes vistos ou imaginados em Santa Catarina.
Perfil
O prefeito, contudo, veste o figurino da atualidade na política, um perfil almejado por vários partidos. Não é um neófito, um ilustre desconhecido; mas também não carrega os vícios e pesos de uma carreira política de décadas.
É empático, articulado, aprovado pelo eleitorado jaraguaense (um dos mais criteriosos de SC), que lhe concedeu a inédita reeleição e a cereja do bolo: Antídio Lunelli fez fortuna na iniciativa privada, partindo do zero. Ele ingressou na política somente depois de ter se estabelecido como um dos maiores empreendedores do estado.
Atualidade
Antídio é a realidade no MDB catarinense, é o hoje. O partido, que ainda precisa se livrar das garras do passado, também tem pelo menos duas belíssimas apostas para o futuro. Isso se o quarteto já citado não afundar a nau antes.
Mão firme
Estão nas fileiras do MDB o presidente da Alesc, Mauro de Nadal, um excelente quadro, equilibrado, correto, firme e com visão político-administrativa.
Quarteto do futuro
Perfil muito semelhante ao de outro deputado, Carlos Chiodini. Só que este atua na Câmara Federal. Ao lado de Antídio e de Celso Maldaner, estes dois podem formar o novo quarteto do MDB, o que vai tirar o partido do atoleiro atual, fazendo o devido contraponto aos quatro mosqueteiros do passado.
Hora de decidir
O MDB catarinense e sua rica histórica chegaram numa encruzilhada perigosíssima. Os dirigentes do partido precisam decidir se renovam suas apostas para retomarem tempos de glória ou se continuarão na toada da politicagem miúda e personalista que marcou a legenda nos últimos anos. O atual presidente estadual, deputado federal Celso Maldaner, luta com todas as forças para recolocar o MDB no seu devido lugar, mas enfrenta muita resistência a partir do quarteto do retrocesso.
Calendário
Até março de 2022 saberemos se o irmão de Casildo teve ou não êxito em sua espinhosa missão de recolocar o MDB nos trilhos. E se o futuro do MDB soará alvissareiro ou tenebroso por estas bandas.