A experiência bem-sucedida do projeto ‘Centro Vivo’ em Blumenau fez do empresário Emílio Schramm, vice-presidente da Fecomércio/SC, um entusiasta das iniciativas em favor da revitalização das áreas centrais das cidades. “É uma situação em que todos ganham – as pessoas, o comércio e os serviços, o turismo, o patrimônio histórico e o poder público”, explica Schramm. “Essa revitalização já é necessária em muitos municípios catarinenses e em outros é possível evitar a deterioração dos núcleos urbanos, preservando o sentido de que a cidade é das pessoas”, completa.
“A iniciativa deve ser uma pauta da Fecomércio/SC em 2022””, considera.
P – Por que é preciso investir na revitalização das áreas centrais das cidades?
Emílio Schramm – A cidade é uma das mais geniais invenções humanas e o comércio é diretamente responsável pelo seu surgimento, 10 mil anos atrás. O advento dos automóveis distorceu seu papel original, que é o de ser local de convivência das pessoas. Na maioria das cidades de porte médio, o centro foi o núcleo de sua criação e se tornou apenas um local de passagem. Em muitos casos, houve uma degradação social e econômica, com a migração do varejo qualificado para os shoppings. Precisamos resgatar esse conceito, restaurando e valorizando áreas de importância histórica e ambiental e devolvendo a cidade às famílias, aos pedestres e ciclistas.
P – O que é necessário para revitalizar as áreas centrais das cidades?
Emílio Schramm – O resgate das áreas centrais é um movimento mundial e com muitas experiências que servem de exemplo. É um trabalho que também envolve a promoção de eventos e a implantação de equipamentos de lazer e entretenimento público, além de paisagismo e segurança. É preciso trazer as pessoas para as ruas, gerar convivência. Esse conjunto de iniciativas vai atrair moradores e turistas, que valorizarão essas áreas e serão clientes dos bares, restaurantes e o comércio em geral.
P – Também se percebe uma redução de moradores nos centros das cidades. Como reverter?
Emílio Schramm – O centro é a região de menor densidade demográfica de muitas cidades. Quando o comércio e os serviços encerram o expediente, tudo fica deserto e inseguro. É necessário estimular a construção de prédios de uso misto – residencial e comercial – para trazer de volta o sentimento de que o centro tem uma vida semelhante aos bairros, de vida comunitária.