Blog do Prisco
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De olho em 2022, governador de SC troca crítica por afago a Bolsonaro

O texto e as informações são do Jornal O Globo

“Após enfrentar dois processos de impeachment em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (sem partido) tem buscado uma aproximação com o governo federal. De olho em sua reeleição, Moisés tem tentado deixar claro que, apesar de críticas feitas no passado, não é rival do presidente. O objetivo é atrair o eleitorado conservador do estado, que deu 65,8% dos votos a Jair Bolsonaro no primeiro turno de 2018.
O contorcionismo de Moisés ocorre mesmo após ter sido afastado do cargo com apoio de aliados locais de Bolsonaro, e que hoje ainda estão na oposição. O aceno mais recente veio no Fórum de Governadores, no último dia 23, quando Moisés se opôs a uma carta aberta em defesa do Estado de Direito e do sistema eleitoral, em meio a ataques do presidente às instituições.
O governo de Santa Catarina inverteu a lógica de investimentos da União e acertou o repasse de R$ 450 milhões para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) fazer melhorias em três rodovias federais que passam por Santa Catarina.
A postura difere de outros momentos. No início da pandemia, Moisés assinou manifestos críticos a Bolsonaro e chegou a se dizer “estarrecido” com declarações do presidente contra medidas de isolamento. Em junho de 2019, declarou que o presidente deveria se preocupar com “coisas mais importantes”.
Os canais entre Moisés e Bolsonaro foram destravados após a realização de uma audiência pública no Senado com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o governador. O encontro foi convocado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC).
— É evidente que ele não pode se mostrar hostil ao presidente. Com esse gesto (de repassar recursos), vai ser sócio de algumas obras do governo federal — disse Amin.
Sem partido desde que deixou o PSL , Moisés ainda não definiu a que legenda vai se filiar. Está entre MDB, Republicanos e PSC.
Bolsonaro parece não ceder às investidas do governador. Nas duas últimas vezes que visitou Santa Catarina, o presidente não se encontrou com Moisés. O titular do Palácio do Planalto dá sinais de que deve apoiar a candidatura do senador Jorginho Mello (PL-SC), da tropa de choque governista na CPI da Covid. Mello tem influência no Dnit desde o governo de Dilma Rousseff.
Embora o coronel reformado dos bombeiros tenha sido alçado ao poder com o discurso de renovação da política, sua sobrevivência no posto veio após uma aliança com um cacique daquele estado, o deputado estadual Julio Garcia (PSD), ex-presidente da Assembleia de Santa Catarina. Garcia chegou a ser preso e afastado do cargo em janeiro, numa operação da Polícia Federal. No final de fevereiro, recuperou o mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Rivais viram aliados
O mesmo grupo político de Garcia, que encampou o primeiro impeachment de Moisés, agora tornou-se o esteio do governo e indicou o secretário da Casa Civil, Eron Giordani. Segundo ele, a posição do governador no Fórum do fim de agosto não foi um gesto para se aproximar do presidente:
— A crítica, quando houve, foi pontual, e a ausência da assinatura dele nessa carta também não significa qualquer gesto de apoio e aproximação. Se tiver que fazer isso, ele vai fazer de maneira expressa, e não velada.”