Blog do Prisco
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Mulher e cooperação

Luiz Vicente Suzin, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).

Pode parecer piegas ou anacrônico um homem escrever sobre a importância e o papel da mulher na sociedade por ocasião do Dia Internacional da Mulher, que transcorre em 8 de março. Faço isso, porém, com o sentimento de gratidão na condição de dirigente de um sistema cooperativista do qual participam cerca de 3,5 milhões de catarinenses, sendo mais de 40% formados por mulheres.

Acompanhando o desenvolvimento dos costumes no ocidente, a sociedade brasileira foi, lentamente, ampliando as oportunidades econômicas e profissionais para as mulheres. Em Santa Catarina as cooperativas se tornaram áreas essenciais que atraíram o interesse das mulheres e onde elas, em face da persistência e eficiência, conquistaram valiosos espaços. As mulheres estão presentes nos sete diferentes ramos (segmentos onde o cooperativismo está organizado), sendo que o de consumo concentra a maior parcela de participação, com 51,11% do quadro social. Os ramos saúde (45,05%) e crédito (42,41%) ocupam a segunda e terceira colocação em número de mulheres cooperadas.

As mudanças e transformações não vêm prontas, resultam de esforço pessoal, processos sociais, ciclos econômicos, crises, avanços graduais e alguns recuos. Desde a conquista do voto, a mudança de status no casamento civil, acesso às universidades, a formação e qualificação profissional, o comando de empresas familiares ou de grandes corporações e o ingresso em áreas antes tipicamente masculinas (como Polícias e Formas Armadas) – a mulher vive uma escalada de crescente protagonismo. Quem colhe os frutos desse fenômeno é a sociedades e, em seu seio, os próprios homens que dividem com as mulheres compromissos e responsabilidades em todos os ambientes da atuação profissional e empresarial.

Obviamente que ainda é preciso evoluir. Muitos setores da vida associativa e empresarial são infensos aos avanços da mulher, resistem, segregam, procrastinam concessões e demonstram preconceito em políticas salariais ou de promoção, na abertura de empreendimentos ou na garantia de igualdade de oportunidades. De outra parte, os crimes de feminicídio ainda chocam seja pela brutalidade ou pela inaceitável redução da mulher a objeto do domínio masculino, merecendo condenação da Justiça e repressão policial.

Na contramão dessas distorções que ainda persistem na atualidade, as cooperativas se tornaram oásis onde a capacidade de trabalho, o talento, a iniciativa e a criatividade da mulher podem se manifestar, prestando inestimável contribuição ao crescimento dessas sociedades humanas. Trata-se de uma contribuição efetiva, avaliada e mensurada em resultados possíveis de verificação na qualidade dos serviços prestados e produtos oferecidos pelas cooperativas aos seus associados e pelos saldos econômicos contabilizados em balancetes e balanços.

As mulheres dão provas de competência – e não raras vezes de superioridade – atuando em tarefas operacionais, administrativas, de relacionamento com o público, de gerencia, assessoramento superior e mesmo na presidência. Enfim, também esbanjam eficiência em etapas complexas de planejamento, organização, coordenação, controle e comando.

Cooperativismo é terreno fértil para as mulheres. Não é sem motivo que cooperativa é um termo feminino.