Blog do Prisco
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De olho na Selic

Vanessa Evangelista Ramos Rothermel, presidente CELOS

Pela oitava vez seguida o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros e a Selic atingiu a casa dos dois dígitos: 10,75%. A maior desde 2017, quando chegou aos 11,25%. O ajuste veio dentro das expectativas do mercado e do que já havia sido sinalizado pela autoridade monetária na reunião passada. Por tanto, não foi surpresa para ninguém o novo índice. E, do ponto de vista do investidor, este cenário deixa a renda fixa conservadora cada vez mais atrativa.

Tendência reforçada também pelo desempenho abaixo do esperado do IBX (índice de ações brasileiro), que era de cerca de 14% no ano, de acordo com o cenário base do ALM de março/2021, elaborado pela consultoria Aditus. Só que com a instabilidade política e, principalmente, a implosão do teto de gastos via PEC dos Precatórios, além de outros problemas fiscais, afetaram o preço dos ativos de forma expressiva, fazendo com que o IBX fechasse o ano com queda de 11%.

E como na economia tudo está interligado, este movimento contribuiu para a alta de dois dígitos (10%) do IPCA (índice de inflação) em 2021, o que levou a meta atuarial (IPCA + 4,9% a.a.) a chegar ao valor expressivo de 16,16% quando acumulada.

Atenta a toda essa movimentação no mercado financeiro, a CELOS tem passado por um processo de reformulação da sua carteira de investimentos, que envolveu também questões de governança e procedimentos como a revisão do processo de investimentos, ampliação da equipe técnica e criação da área de Compliance. Além da mudança de prestadores de serviço e gestores dos fundos de investimento aplicados. Com isso, a entidade conseguiu garantir bons resultados nos Planos Misto e Transitório, fechando o ano passado com rentabilidades positivas.

Já para 2022, considerando o cenário atual citado no início do texto, a Fundação projeta reduzir gradualmente sua exposição à renda variável brasileira. E, consequentemente, aumentar gradualmente sua exposição a renda variável no exterior (o índice de ações global MSCI fechou o ano com retorno de 20%), renda fixa, principalmente através de títulos públicos, e multimercado estruturado, agora com maior espaço para aplicação diante da conclusão do desinvestimento dos FIPs, liquidados no início de dezembro.