Tivemos a oportunidade, no início deste mês, de apresentar à imprensa um balanço do desempenho das cooperativas catarinenses em 2021. Os números desse levantamento – anualmente realizado pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) – são altissonantes e testemunham a efetiva contribuição do sistema cooperativista ao desenvolvimento econômico. Mas não é apenas isso: há também um viés social e cultural por trás desse desempenho. O cooperativismo não se consolidou apenas como uma das locomotivas da economia catarinense, também é um instrumento de formação cidadã e fortalecedor, tanto da economia solidária quanto dos clusters pelo encadeamento produtivo que oportuniza.
Mas vamos aos números. O levantamento revela que as 255 cooperativas registradas na OCESC tiveram, em 2021, uma receita operacional bruta da ordem de R$ 67,9 bilhões, fruto de um surpreendente crescimento de 37,32%, ou seja, mais de oito vezes a expansão do PIB brasileiro do ano passado (4,6%). É notório que as cooperativas de todos os setores deram importante contribuição, porém, o agronegócio foi mais uma vez a locomotiva na geração de empregos, renda e produção de riquezas e contribuiu com 72% das receitas globais do sistema.
O caráter associativista valoriza a meritocracia, valor fundamental que impregna a filosofia e o esforço individual. Por isso, as sobras do exercício – que ficaram na casa dos R$ 4,6 bilhões – são recursos distribuídos (no todo ou em parte) aos associados na proporção direta da participação de cada um na obtenção desse resultado. Por outro lado, a carga tributária não poupou as cooperativas, embora muitos acreditem erroneamente que elas gozam de benefícios fiscais. Em 2021 elas recolheram R$ 3,4 bilhões aos cofres públicos em impostos sobre a receita bruta, um crescimento de 26,5% em relação ao exercício anterior.
O regime de pandemia que dominou o cenário mundial nos últimos dois anos colocou à prova todas as nações e, em cada uma elas, as organizações humanas – empresas, associações, instituições públicas e privadas, entes governamentais etc. – tiveram que se reinventar para enfrentar os imensos desafios que a crise sanitária gerou em todos os continentes. Foram nos ecossistemas das cooperativas que se registraram as iniciativas mais proficientes, as ações mais efetivas e os resultados mais consistentes na esfera das comunidades e no atendimento de pessoas fragilizadas pela covid-19. Dessa forma, as cooperativas emprestaram formidável apoio ao Poder Público e às autoridades de saúde no combate aos deletérios efeitos do novo coronavírus.
É lógico e racional inferir que essa atuação das cooperativas – e seus benfazejos resultados sociais – influenciaram pelo menos em parte a adesão ao cooperativismo. Essa conclusão advém do fato de que um dos dados mais relevantes do levantamento da OCESC é a expansão do número de associados (cooperados): o quadro social das cooperativas cresceu 14,97% no ano passado com o ingresso de mais 454.084 pessoas. No conjunto, as cooperativas reúnem, agora, 3,4 milhões de catarinenses. Isso significa que mais da metade da população barriga-verde está vinculada ao sistema cooperativista.
O ano foi difícil em razão do combate à pandemia, fatores macroeconômicos, crise hídrica, escassez de insumos agrícolas e industriais, mas as cooperativas em nenhum momento deixaram de operar – sejam as agropecuárias, de crédito, de transporte, de saúde, de consumo, de infraestrutura etc. Mantiveram ininterruptamente as atividades e, em sua maioria, continuaram com os programas de expansão e investimentos. Prova disso é que continua expressiva a participação das cooperativas nas exportações do agronegócio, que respondem por mais de 70% das vendas catarinenses no exterior, decorrente da imensa presença das cooperativas nas cadeias produtivas de grãos, da suinocultura e da avicultura.
As cooperativas se tornaram paradigmas de produção, prosperidade, bem-estar e estão umbilicalmente vinculadas à vida social, cultural e econômica dos catarinenses.