Vale lembrar aos mais desavisados que o eleitorado do MDB apto a definir o rumo do partido na soberana convenção de 5 de agosto, é composto por cerca de 500 eleitores. Há 71 integrantes do diretório regional, mais o líder da bancada, os três deputados federais e os nove parlamentares estaduais. Somando-se esses integrantes, temos um grupo de 84 votos. Seria o número aproximado dos que devem estar ao lado de Moisés da Silva até a data fatal da convenção homologatória. Inclui-se o diretório nesta conta porque a instância foi chamada para o dia 13 para “definir” o apoio ao governador.
Vai definir entre aspas, literalmente.
Pois a palavra final caberá aos cerca de 500 convencionais. Os prefeitos exercem influências sobre as bases? Evidentemente que sim. Não custa lembrar, contudo, que o MDB tem 97 prefeitos. Em outros 198 municípios, o mandatário local não é diretamente ligado ao partido.
Quem vai definir, de fato, são as bases. Que nem sempre, sobretudo no Manda Brasa, estão sob o controle das lideranças detentoras de mandato.
História movimentada
O MDB catarinense coleciona casos de disputas internas. Começou lá em 1982, já no retorno das eleições diretas para governador, quando Pedro Ivo Campos foi batido por Jaison Barreto e foi cabeça de chapa perdendo por pouco mais de 12 mil votos para Esperidião Amin.
Quatro anos mais tarde, o mesmo Pedro Ivo levou a melhor sobre Luiz Henrique da Silveira.
Século 21
Em 2010, tivemos Dário Berger contra Eduardo Moreira. No pleito passado, o confronto foi entre Mauro Mariani e o próprio Moreira. O MDB tem esse diferencial, além de ser o maior partido do estado.
Força local
Soma daqui, subtrai dali, não é de bom alvitre subestimar as bases. Tanto é assim que o atual dirigente estadual, Celso Maldaner, declarou, em Maravilha, sua terra, que iria com o governador. Isso na sexta-feira passada. Dois dias depois ele teve que soltar uma nota naquela linha do veja bem, não é bem assim, etc e tal.
Históricos no circuito
É ilusão, portanto, pensar que no próximo dia 13 tudo estará resolvido. Além das bases, conta-se, ainda, a velha guarda da legenda. Estamos falando de nomes como Neuto de Conto, que foi de vereador a senador, Renato Vianna, de dois mandatos de prefeito em Blumenau e quatro de deputado federal, Udo Döhler, ex-prefeito de dois mandatos de Joinville.
Pluralidade
O MDB é um partido plural. Criar fato consumado agora é vender algo que o partido ainda não pode entregar. Seja na direção do apoio ao governador ou de qualquer outro candidato que ofereça espaços ao partido na majoritária. A palavra final, registre-se, será no dia 5 de agosto.
Fator surpresa
De uma hora pra outra, um candidato pode se apresentar para postular a cabeça de chapa. Independentemente do encaminhamento que o diretório estadual venha a sinalizar no dia 13.
Rito
Também não adianta definir nomes de forma açodada, antes definir o rumo do partido. Só no final de semana que passou, dois nomes se apresentaram ao Senado. Edinho Bez, de sete mandatos deputado, e Peninha Mendonça, deputado federal com longa e consolidada trajetória política.
O MDB costuma promover muitas supressas e reviravoltas. Sua história mostra claramente que aqueles que quiseram ser mais espertos do que a esperteza se deram muito mal.
ilustração>OAtibaiense, divulgação