MDB ao Senado
Começa a ficar mais claro porque, no último final de semana, dois emedebistas se apresentaram como postulantes à vaga ao Senado pelo partido.
Edinho Bez, que tem base em Tubarão, apresentou-se. Foi deputado federal por seis mandatos consecutivos, depois de ter cumprido um de estadual.
Rogério Peninha Mendonça, que cumpre o terceiro mandato de federal, também lançou seu nome. Tem base no Alto Vale do Itajaí. O parlamentar já avisou, contudo, que só abre mão em favor de Antídio Lunelli. O empresário renunciou à prefeitura de Jaraguá do Sul para ser o candidato do MDB ao governo, gesto que é reconhecido por Peninha.
Já escrevemos neste espaço que esse movimento poderia estar sendo combinado com Jair Bolsonaro, a quem Peninha é umbilicalmente ligado. Foram vizinhos de gabinete na Câmara. Peninha poderia ser uma alternativa caso o empresário Jorge Seif (PL), candidato lançado pelo presidente, não se viabilize.
Máquina eleitoral
Por que os emedebistas namoram tanto o Senado? O MDB é o maior partido do Estado, é estruturado nos 295 municípios com quase 200 mil filiados. Há 97 emedebistas administrando municípios catarinenses, com mais de 800 vereadores e 67 vice-prefeitos. A legenda conta, ainda, com uma bancada de três deputados federais e nove estaduais.
Tradição na Câmara Alta
Nos últimos 20 anos, o partido elegeu senadores a torto e a direito. Em 2002, na onda vermelha que elegeu Lula da Silva presidente, Ideli Salvatti foi eleita pelo PT. O MDB, contudo, elegeu o aliado tucano Leonel Pavan.
Inimigos de ocasião
Quatro anos mais tarde, Raimundo Colombo, depois de cumprir três mandatos de prefeito em Lages, iria ao governo inclusive criticando Luiz Henrique da Silveira pela criação das secretarias regionais, tachadas por ele de cabides de emprego à época. Acabaram se acertando e o MDB elegeu Colombo senador na reeleição de LHS.
Dose dupla
Em 2010, o próprio Luiz Henrique se elegeu e ainda levou junto outro tucano Paulo Bauer, que tinha uma reeleição de deputado federal ameaçada. Mais quatro anos se passaram e vimos Mauro Mariani abrir mão em favor de Dário Berger, que foi eleito pelo partido, derrotando Paulinho Bornhausen.
Passado recente
Há quatro anos, uma das duas vagas preenchidas coube ao MDB. Jorginho Mello, do PL, puxou a viúva de LHS, Ivete Appel da Silveira, como sua primeira suplente. E chegou lá com os votos emedebistas.
Século 20
Se voltarmos mais um pouco no calendário, em 1986 o MDB elegeu dois senadores: Nelson Wedekin e Dirceu Carneiro. Em 1990, foi a vez de Esperidião Amin conquistar a vaga única, mas em 1994 Vilson Kleinübing virou senador tendo o emedebista Casildo Maldaner assegurando a outra cadeira.
Areias do tempo
Nem vamos falar de 1982, quando houve o retorno das eleições direta para governadores, um pleito que está sob suspeita até hoje. Há quem garanta que a dupla Jaison Barreto (governo) e Pedro Ivo Campos (Senado) tenha vencido o pleito, embora não tenha levado a eleição.
Trocando em miúdos: o MDB catarinense é especialista em eleger senadores. Por sua capilaridade e organização em Santa Catarina!