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A bizarra visita de Temer

Presidente da República, Michel Temer (MDB), esteve em Florianópolis na quarta à noite.

Discursou na abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic). Acenou na direção do setor, anunciando a possibilidade de construção de mais 50 mil unidades habitacionais pelo  Programa Minha Casa Minha Vida. Maravilha.

Fora isso, o que se viu na passagem-relâmpago do presidente por Santa Catarina, foi um verdadeiro político-zumbi. Há um ano, a agenda de Temer, depois do vazamento do áudio da conversa entre ele e o açougueiro-bandoleiro Joesley Batista, passou a ter um único compromisso prioritário. Defender-se das denúncias. Ele escapou de duas enviadas pela PGR à Câmara. A muito custo. Talvez ainda venha uma terceira peça acusatória contra ele.

Sobre o atendimento de pleitos catarinenses, o resultado da visita presidencial foi pífio. Não dá pra comemorar a “liberação” de R$ 16 milhões para a finalização do Centro de Eventos de Balneário Camboriú, questão que está pendente há cerca de dois anos. Ou vão deixar a obra inacabada? Sobre as grandes necessidades de SC, como as duplicações das BR’s 470 e 280, além dos R$ 230 milhões que o Ministério da Saúde reconhece que deve, e não paga, ao Estado, nenhuma palavra do presidente. Nem dos ministros. Nem de ninguém. Uma vergonha!

Eduardo Pinho Moreira, Michel Temer e o ministro do Turismo, Vinícius Lummertz – foto:>Jefferson Baldo, Secom

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O restante dos “recursos” anunciados, e destacados por importantes veículos de comunicação em Santa Catarina, são promessas de liberação de verbas para municípios. Significa que enquanto o dinheiro não pingar na conta das prefeituras, não dá pra contar com absolutamente nenhum centavo.

Contaminação

A passagem de Michel Temer por SC serviu para evidenciar ainda mais o isolamento político do presidente. Apenas dois dos cinco deputados federais do MDB acompanharam a agenda presidencial. Rogério Peninha Mendonça e Ronaldo Benedet. Mauro Mariani, presidente estadual da sigla e pré-candidato ao governo pelo MDB, ignorou olimpicamente o compromisso de Temer na Capital. Assim como Celso Maldaner e Valdir Colatto.  Ninguém está querendo colar a imagem com a do zumbi-Temer.

Beligerância

Mauro Mariani é persona non grata no Planalto. Na segunda denúncia de Rodrigo Janot, ex-PGR, contra Michel Temer, o presidente da seção Barriga-Verde do Manda Brasa votou pelo prosseguimento do processo. Foi no dia 25 de outubro do ano passado. Na outra ponta, o  Planalto negociou até a medula justamente para evitar que o Legislativo aceitasse a peça. Conseguiu, mas desde então, o presidente passou a ser uma figura secundária, escondendo-se atrás de uma agenda prioritária para o país. Desde então, Temer se esforça para continuar vivo, vislumbrando algum protagonismo no processo sucessório.

Desgaste

Eduardo Pinho Moreira apareceu em todas as fotos com Michel Temer. Como governador, ficou sem opção. Tinha obrigação protocolar de receber o presidente. Politicamente, é mais um desgaste para o emedebista, que examina a possibilidade de disputar a reeleição. E administrativamente, a vinda de Temer não agregou praticamente nada à gestão Moreira. Os recursos para o Centro de Eventos são uma migalha se comparados aos gargalos estruturais que emperram o desenvolvimento de Santa Catarina, Estado produtor, gerador de riquezas e de impostos, mas que historicamente é tratado a pão e água por Brasília.

Louros

Michel Temer acertou em um ponto durante esses dois anos de mandato-tampão. A equipe econômica nomeada por ele conseguiu a proeza de fazer o país parar de andar de marcha à ré. O crescimento econômico ainda é tímido, mas vai se consolidando.

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