A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou semana passada um aumento de 42,8% elevando o valor da energia para o patamar 2 da bandeira tarifária vermelha. Com o reajuste, a taxa extra cobrada nas contas de luz quando essa bandeira é acionada passará de R$ 3,50 para R$ 5,00 a cada 100 kWh consumidos.
Esses recursos são usados para cobrir o aumento no custo da geração de energia no país, que ocorre quando há falta de chuvas e o nível de armazenamento de água dos reservatórios das hidrelétricas ficam baixos. Neste caso é necessário acionar as termelétricas para garantir o suprimento de energia. As térmicas geram energia com custo mais elevado entre todas as fontes.
No último dia 19, em seminário realizado pela ANEEL, em Brasília, que tratou sobre os desafios da geração elétrica no Brasil, foi constatado de forma quase uníssona que o planejamento do setor no passado se deixou contaminar pela ampla campanha difamatória midiática contra a geração hidrelétrica e contra a formação de grandes reservatórios, e os resultados negativos estão sendo colhidos agora. Precisamos saber que a base da geração nacional sempre foi a hidrelétrica e é também a mais barata. Com critérios ampliados poderia até ser considerada a menos poluente.
Quando ocorrem secas mais prolongadas é que sentimos falta em ter à disposição amplos reservatórios. Seja para consumo humano, destinação agropastoril ou geração de energia. Nestes momentos de seca, o ONS aciona as térmicas para garantir o suprimento de energia. Com as bandeiras tarifárias, além de aumentar significativamente o valor destinado ao pagamento das térmicas, a metodologia das bandeiras quer nos ensinar a economizar energia e, de forma indireta, fazer com que o sistema economize água enchendo os reservatórios.
No entanto, o equívoco é não ter como guardar água quando ocorrem as cheias. Além das represas servirem como contenção de cheias, seria o momento de encher as caixas d’água para reservar para períodos de seca. Como disse um certo presidente, não se pode armazenar vento, mas água podemos, basta fazer o óbvio. Enquanto isso, na pátria brasilis, terra da fartura, não economizamos água e pagamos bandeira vermelha. Até quando???
Gerson Berti – Coordenador do programa SC+Energia, da secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentáv