Neste final de semana, Jair Bolsonaro mandou avisar que estará retornando ao Brasil nas próximas semanas.
É a segunda vez que o ex-presidente acena para o retorno. Na primeira oportunidade, as palavras não se concretizaram.
Partamos, no entanto, do princípio de que ele voltará. Maravilha. Mas o líder já encontrará a oposição e o país alinhados de forma diferente. Foi um erro brutal sua viagem aos EUA, numa espécie de autoexílio.
Se não quisesse passar a faixa presidencial a Lula da Silva, que usasse como exemplo a postura de João Figueiredo, que simplesmente ignorou José Sarney em 15 de março de 1986, quando o Congresso Nacional deu posse ao emedebista.
Fuga
Jair Bolsonaro viajou porque estava com medo de ser preso. Talvez nem pela Justiça, por determinação de Alexandre de Moraes, mas pelos próprios militares. Isso mesmo! Mas por que ele não enfrentou a situação? Se o prendessem, seu apelo popular aumentaria ainda mais.
Falácias
O momento atual lembra aquele 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro atacou fortemente Alexandre Morares. Não apenas em Brasília, mas também na avenida Paulista, aonde qualificou o xerifão de canalha. O então presidente disse, ainda, que não iria seguir as ordens do magistrado, suas decisões monocráticas.
Amarelada
No dia seguinte, o ex-mandatário assinou uma carta na qual recuou de maneira acintosa de tudo que verbalizou na direção de Moraes 24 horas antes.
Guilhotina
O cavalo de pau teria sido motivado por supostas ameaças de prisão de um de seus filhos caso ele não se retratasse. Que prendessem um dos herdeiros, oras bolas. Se isso ocorresse, iria faltar asfalto neste país para tanto povo nas ruas. O ex-presidente amarelou naqueles dias. Chamou Michel Temer e deu uma bela recuada.
Sem vácuo
Ele deixou o país e as coisas começam a caminhar em outras direções. Tivemos as eleições para o comando das duas Casas Legislativas. Na Câmara Alta, Rogério Marinho, o candidato bolsonarista, fez bonito contra a máquina do governo, a do Senado e a do STF. Uma vergonheira completa, com ministros pedindo votos em favor de Rodrigo Pacheco. Mesmo assim, na ausência de Bolsonaro, os políticos vão tomando seu caminho.
Lulando
Cláudio Castro, governador reeleito do Rio, já sinaliza aproximação com Lula da Silva após apoiar Bolsonaro na campanha. A exemplo de Tarcísio de Freitas, que pode assinar ficha no PSD de Gilberto Kassab, seu articulador político e aliado da deidade petista há tempos.
Mineiramente
Em outra frente, Romeu Zema vai tentando assumir o protagonismo de líder da oposição. Especula-se que trocará o Novo pelo PL e que poderia ser o nome do partido para 2026.
Obviamente que as lideranças não vão ficar esperando a vota do Bolsonaro para só então definirem seus futuros.
Bola da vez
A partir do momento em que Jair Bolsonaro decidiu deixar o país, ele deixou de assumir a proa oposicionista no Brasil. Em política, não existem espaços não preenchidos. É aquela história: rei morto, rei posto. Não é porque ele perdeu a eleição, eivada de dúvidas, e por pequena margem, que todos vão ficar o aguardando.
Emagrecimento
O ex-presidente perdeu espaço e relevância. Pode até recuperar a liderança, mas terá agora que remar contra a maré e fazer muita força para retomar terreno e o tempo perdidos.
Derrapada histórica
Isso tudo aconteceu pelo equívoco brutal de ter ido para o exterior e desaparecido do noticiário local e da interação com lideranças de direita.
Perseguição
Enquanto isso, aqueles patriotas, estimulados por Bolsonaro a ficar 60 dias diante dos quartéis, sobretudo em Brasília, estão presos. Nem os advogados têm acesso. E o ex-presidente em Orlando. Perdeu muito, ele.
Interrogação
Trocando em miúdos: é uma grande incógnita se ele vai recuperar o espaço que a ele pertencia como grande líder de oposição neste país.
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