Já se passaram mais de 15 dias da eleição que definiu a nova mesa diretora da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. E ainda sobram cargos de primeiro escalão, cobiçados, no governo de Jorginho Mello.
Especula-se que o governador de Santa Catarina poderia estar aguardando o retorno de Jair Bolsonaro, que ainda se encontra nos EUA. Até então, imaginava-se que o chefe do Executivo estadual teria feito uma reserva política para costurar a eleição na Alesc.
Mas não apenas este o motivo. Para quem não lembra, o ex-presidente da República intercedeu por um afilhado junto ao governador catarinense. Pediu para que o cidadão fosse aproveitado na área de Segurança de Santa Catarina.
O policial estava à frente da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No dia 2 de outubro do ano passado, o agente foi acusado de dificultar deslocamentos de eleitores, sobretudo no Nordeste. Responde a processo conduzido por Alexandre de Moraes.
Jorginho Mello achou por bem não nomear alguém indiciado em inquérito pela Justiça. O governador deixou o espaço vago. Certamente, aguarda o retorno do ex-presidente para que indique o futuro titular da SSP-SC.
Poder nas urnas
Afinal, Jair Bolsonaro é o grande eleitor de Santa Catarina. Os dois últimos governadores foram eleitos pelo líder de direita neste país. O fenômeno começou lá em 2018 com Moisés da Silva que, quatro anos depois, foi derrotado pelo próprio Bolsonarismo.
Comigo, não!
O atual titular do Centro Administrativo não quer assistir o repeteco desta história lá em 2026. O governador sabe que o bolsonarismo-raiz dá trabalho e gera muitas dificuldades políticas.
Porteiras
A estridência bolsonarista pode ter sido um dos grandes motivos que levou Jorginho a não entregar a Infraestrutura de porteira fechada ao MDB. Aliás, nenhum partido assumiu posições com direito a nomear toda a estrutura das pastas até agora.
Cota do governador
Os nomes posicionados na Infraestrutura são todos ligados a Jorginho. Este posicionamento passa o sentimento aos bolsonaristas de que o eleito não está escancarando as portas a partidos que foram adversários de Jair Bolsonaro, de Jorginho Mello e do PL em 2022.
Do contra
É o caso do MDB! O Manda Brasa indicou os candidatos a vice e ao Senado na chapa de Moisés da Silva em 2022. O próprio PP estadual entrou na candidatura de Esperidião Amin ao governo. Contra Jorginho Mello.
De leve
Jorginho, está muito claro, não vai bater de frente com as bancadas do PL. Habilidoso, ele não cometerá o mesmo erro de seu antecessor. Não é fácil administrar as posições, cobranças e, em alguns casos, o extremismo dos bolsonaristas catarinenses. Há alguns muito exigentes, outros até fanáticos. Neste caso, o governador não parece disposto a pagar para ver.
Convergência
O governador está apostando na boa administração política dos correligionários para uma boa convivência tanto na Alesc como na Câmara Federal. Aos poucos, ele vai abrindo o governo a outras legendas sem causar muito alarde. Esta parece ser a tendência. E, também aos poucos, vai nomeando emedebistas e progressistas em outras frentes da administração estadual.
Em tempo
Nos últimos 40 anos, o líder dos liberais catarinenses foi o primeiro governador que assumiu sem ter preenchido todo o colegiado estadual. Considerando-se várias posições do secretariado, ficaram vagas quase uma dezena de pastas. Até aqui, foram destinadas duas secretarias a parlamentares estaduais.
MDB lá
A toda poderosa Infraestrutura será pilotada por Jerry Comper, do MDB. Ele assume na quinta-feira pós-Carnaval. Quando também deve tomar posse o ex-deputado e ex-presidente da Alesc, primeiro suplente de federal do PP, Silvio Drevek. Será o secretário de Indústria, Comércio e Serviços.
Ao léu
O PSD está, por ora, na saudade. Não foi oferecida nenhuma posição à legenda.
Três mosqueteiros
Estamos falando de dois deputados. Estêner Soratto, registre-se, assumiu a Casa Civil junto com a investidura de Jorginho Mello no dia 1ᵒ de janeiro. Ali, ele ainda não era deputado.
Bate-volta
O sulista só assumiu para sua primeira legislatura no dia 1ᵒ de fevereiro e logo depois se licenciou visando permanecer no Executivo, abrindo espaço para Mauricio Peixer, de Joinville, ir para a Alesc.
Mais uma
Jorginho sinalizou ao MDB no sentido de que um representante da bancada federal assuma uma posição no secretariado. Caso os três federais do Manda Brasa optem por permanecerem em Brasília, o espaço poderá ser ocupado por Luiz Fernando Vampiro, ex-secretário de Educação.