Blog do Prisco
Coluna do dia

A façanha de Jorginho

A façanha de Jorginho

Jorginho Mello conseguiu a proeza de Moisés da Silva, colocando forças antagônicas no mesmo governo: MDB e Progressistas. Há, no entanto, uma diferença.
O ex-governador não tinha trajetória política. Caiu de paraquedas numa eleição que lhe foi assegurada pela onda Bolsonaro de 2018. Fato que conferiu certa naturalidade e tranquilidade para a composição improvável de seu governo.
O atual governador, ao contrário, tem longa e vitoriosa trajetória: foi vereador em Herval d’Oeste. Depois, cumpriu quatro mandatos de deputado estadual chegando a presidir a Assembleia Legislativa. Também foi deputado federal por dois mandatos e fez quatro anos como senador. Renunciou à Câmara Alta para assumir o governo.
Ou seja, são outros quinhentos. O fato dele conseguir reunir no mesmo evento os senadores Esperidião Amin e Ivete Appel da Silveira é uma façanha. Indiscutível. Ocorreu no Teatro Pedro Ivo Campos na quinta-feira, quando foram empossados Jerry Comper e Silvio Dreveck como secretários de Estado. Na oportunidade, o governador também entregou o projeto de reforma administrativa ao presidente da Alesc, Mauro de Nadal.

Herdeira

Ivete era suplente do próprio Jorginho, mas é viúva de Luiz Henrique da Silveira, que bateu Amin duas vezes em disputas ao governo estadual (2002 e 2006).

Reforço

Não há dúvidas. O governador se fortalece e reforça o seu PL. Evidentemente que em 2024 (prévia do pleito de 2026) o MDB e o Progressistas terão seus candidatos estado afora. Especialmente nos grandes e médios municípios.

Convergência

O PL, no entanto, estará muito mais próximo dos dois partidos para fazer concessões e composições pontuais com apoios mútuos.
Isso tudo, desde que Jorginho Mello faça uma boa gestão, pode conspirar a favor de sua reeleição ali adiante.

Junto e reunido

Essa é a realidade. Muito astutamente, o governador é muito perspicaz, Jorginho fez questão de empossar os dois secretários no mesmo evento. Jerry Comper, do sempre forte MDB do Alto Vale; e Silvio Dreveck, do Progressistas, que volta à cena política tendo a velha e boa caneta nas mãos.

Realidade local

Jorginho deu uma missão a Comper. “Precisamos de recursos para recuperação já que o Estado é calamitoso nas 25 rodovias estaduais,” assinalou ele. Moisés da Silva aportou quase meio bilhão de reais em estradas federais.

Parceria?

O ministro dos Transportes é Renan Filho, correligionário de Comper. O problema é que a turma da política nordestina só olha lá para cima. Aqui para o Sul, costumam ignorar os pleitos olimpicamente.

Outra missão

Silvio Dreveck também recebeu uma incumbência do governador. Implementar a versão estadual do Pronampe, programa muito bem sucedido e de autoria de Jorginho Mello enquanto senador da República durante o governo Bolsonaro. Trata-se de um suporte às micro e pequenas empresas tanto nas áreas urbanas como nas rurais. O que se observa é o governador fortalecido. Indiscutivelmente.

Sem tropeços

O chefe do Executivo estadual também assinou, ontem, a Medida Provisória da Reforma Administrativa, criando quatro novas secretarias, estruturas que, segundo ele, não criarão novas despesas, será aprovada na Alesc. Sem sombra de dúvidas.
É tradição do Parlamento catarinense conferir um voto de confiança ao governo que recém inicia seu mandato.

Jogando xadrez

Jorginho ainda está montando o tabuleiro de seu governo. Sem pressa e com serenidade.

Ah se eu fosse

Por fim, para reflexão: durante a solenidade, em vez da presença da atual vice-governadora, Marilisa Bohem, lá poderia estar Angela Amin. A vaga de vice foi ofertada ao PP, diretamente a Esperidião Amin, por Jorginho na fase final da pré-campanha de 2022.

Cabeça

O senador progressista optou por encabeçar uma chapa, certamente avaliando também que reforçaria os projetos de reeleição da própria Angela, sua esposa, e do filho, João Amin. Ambos acabaram ficando pelo caminho e sem mandatos. Certamente, um gosto amargo para Esperidião Amin Helou Filho.