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A INFLAÇÃO ALEIJA, MAS O CÂMBIO MATA

O Estado de Santa Catarina, com sua formação multicultural, ergueu sobre essas terras abençoadas, uma das mais pujantes economias, que privilegia aos que aqui vivem com índices de desenvolvimento equivalente aos melhores países do mundo.

O caldo dessa mistura é que temos uma economia dinâmica e voltada para os portos, sendo ela vocacionada para os negócios transnacionais, com a biruta de nossa balança comercial variando conforme a apreciação ou depreciação de nossa moeda nacional, diante do dólar. Logo, nesse nível de economia globalizada, a identificação do câmbio é fundamental para o planejamento das empresas catarinenses.

Se na última década, a importação ergueu muitas novas empresas e destruiu outras tantas, um novo patamar cambial indica uma recuperação permanente e dinâmica de nossa base industrial a médio prazo.

O exercício pleno da Livre Iniciativa (Art. 1°, IV da C.F.), traz ao empresário uma série de riscos, afinal, empreender é sempre navegar pelo mar da imprevisibilidade, porém o cenário que se desenha é de uma recuperação de muitas plantas industriais, através da troca do produto importado pelo nacional. No primeiro instante o comércio retrai suas compras aguardando um câmbio favorável; se ele não vem, e não veio nos últimos 06 meses, ele busca alternativas mais baratas no mercado local. Já a indústria redesenha sua planta para novas montagens, reduzindo a sua exposição ao risco cambial.

Tudo ocorre ao mesmo tempo, porém em velocidades distintas com a depreciação da moeda brasileira como pano de fundo. Somente no mês de abril as importações caíram 23,7% em relação ao mesmo mês de 2014. É claro que, uma economia que anda de lado contribui também para isso.

Na balança do perde e ganha, setores como moveleiro, agronegócios e têxtil devem aferir ganhos já no segundo semestre, em detrimento das operações comercias de tradings e armazéns voltados para importação.

Para acelerar a dinâmica das exportações é fundamental a devolução dos saldos credores de ICMS, advindos da exportação, como estímulo a recuperação dos mercados transnacionais, de outro lado a importação que antes era de produtos acabados passará a ser de peças para montagem, reativando nossas plantas industriais.

Essas alterações são catalisadas pela brusca variação cambial, e o Estado, sensível a isso deve buscar velocidade e ações conjuntas a Fecomércio e Fiesc, invertendo o fluxo negocial dos nossos portos.

O fato é, que nos últimos 05 anos os importadores conviveram com uma variação cambial de 69%, e no mesmo período a inflação acumulada foi de 37,06, provando a máxima do saudoso Professor Mário Henrique Simonsen de que a Inflação aleija, mas o câmbio mata!

Charles Machado – Consultor Jurídico e Presidente da Câmara Empresarial do Comércio Exterior

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