Coluna do dia

A influência do MDB no Senado 2

Dando sequência ao resgaste histórico sobre as eleições ao Senado em Santa Catarina e a força do MDB – a primeira parte foi publicada no fim de semana – agora entramos no Século 21. Na primeira eleição desta era, tivemos a vitória do tucano Leonel Pavan lá em 2002. Que só conquistou a vaga de senador, de forma até surpreendente, com o apoio do MDB. Nesta mesma toada, em 2006, o contemplado foi Raimundo Colombo, então filiado ao DEM. Com a diferença de que o lageano era favorito à vaga assim que a aliança foi selada. Um acordo costurado por Luiz Henrique da Silveira, então líder máximo do MDB no estado, possibilitou uma eleição folgada para Raimundo Colombo, guindando-o à condição de candidato natural ao governo do estado.

Aliás, houve uma inversão de papeis. Luiz Henrique, que era governador, em 2010 liderou a corrida ao Senado com folga. E foi o padrinho da vitória de Raimundo Colombo ao Executivo catarinense. LHS levou outro senador com ele, o tucano Paulo Bauer.

Finalmente, em 2014, a eleição caiu no colo do ex-prefeito Dário Berger após o movimento errado de Mauro Mariani. Berger estava em baixa naquela época e, poderia, no máximo, sonhar com uma cadeira na Alesc. Como Mariani abriu mão do espaço que era seu na undécima hora, Dário Berger chegou lá. Assim, se completa o resgaste histórico. Dos 17 senadores eleitos democraticamente desde 1974, o MDB ou elegeu ou influenciou diretamente na vitória de 11 deles.

MDB de ocasião

Agora o ainda senador Dário Berger merece um capítulo à parte nesta história toda. Em 2014, ele já estava no MDB há alguns anos. Mas nunca militou no partido ou em qualquer outra legenda. Por onda passa, Berger costuma usar a legenda e jamais cria vínculos com os partidos.  O MDB é seu sétimo endereço partidário.

2022

Não por acaso, ele ainda é visto com desconfiança pelos emedebistas da gema estado afora. Não é uma figura muito presente no dia a dia da legenda (bem longe disso), embora faça movimentos pontuais sempre que o tema eleições está em voga nas fileiras emedebistas. O senador sonha em conquistar a indicação para concorrer ao governo catarinense pelo MDB.

Partido do Dário

No entanto, como faz parte de sua tradição pessoal, Dário Elias Berger não está nem aí para o partido. Prova cabal disso são suas articulações com vistas ao pleito municipal de novembro. Na Capital do estado, cidade que ele administrou por dois mandatos, as negociações avançam na direção de um acordo com a família Amin. Engenharia que beira o absurdo, considerando-se o histórico entre eles. Foram inúmeros embates e trocas de acusações por quase duas décadas. São adversário ferrenhos.

Confronto direto

Não custa lembrar que Dário derrotou o candidato de Angela Amin à própria sucessão lá em 2004, suplantando Chiquinho Assis nas urnas.

Em 2008, o PP apresentou-se para a disputa com o próprio Esperidião Amin. Que também acabou derrotado pelo emedebista. Resta saber como o eleitorado da Capital vai encarar o possível acordo entre a família Amin e os irmãos Berger. E os emedebistas de quatro costados de Florianópolis? Como eles vão pedir votos para uma eventual candidatura de Angela Amin? A conferir.

Berço político

Tão inconcebível e personalista quanto foi a decisão do senador na Capital são os encaminhamentos em São José. Quarto maior colégio eleitoral de Santa Catarina, a cidade é o berço político dele. Além de ter administrado o município por duas vezes, Dário Berger foi o padrinho eleitoral de Fernando Elias e do irmão, Djalma Berger, que lhe sucederam no comando da prefeitura.

Com Adeliana

Este último foi destronado pela atual prefeita, Adeliana Dal Pont, do PSD. Que agora fechou acordo eleitoral justamente com Dário Berger visando a fazer o sucessor. Mas o  quadro josefense é ainda mais grave do que o cenário na Capital. Isso porque o MDB tem pré-candidato a prefeito. É o presidente da Câmara de Vereadores, Michel Schlemper, jovem liderança que vem despontando na região.

Com a palavra

E aí, MDB? Será que o partido vai indicar para concorrer ao governo alguém que trabalha abertamente contra a própria legenda em dois dos quatro maiores colégios eleitorais do Estado?

Registre-se que por ser o único senador filiado ao MDB nestes dias, talvez Berger escape de alguma punição partidária. Qualquer outro quadro emedebista, no entanto, seria passível de severas punições se trabalhasse contra os interesses da legenda tão escancaradamente como faz Dário Berger na Capital e em São José.

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