Se levarmos em conta apenas o número de pessoas que foram às ruas neste domingo, 12 de abril, daria para afirmar que a quantidade de brasileiros indignados com a corrução desenfreada; as mentiras de campanha e a alta exagerada de absolutamente tudo (combustíveis, energia elétrica, insumos, alimentos, aluguel, condomínio,
escola das crianças, roupas, desemprego, etc, etc) caiu para menos da metade. No momento do fechamento deste texto, os números ainda eram imprecisos, mas houve bem menos povo nas ruas.
O que explicaria tal fenômeno se os escândalos prosseguem na pauta do dia e o custo de vida só aumentou neste primeiro semestre do segundo governo Dilma Rousseff? Talvez o 15 de março tornou-se ainda mais relevante. Foi uma catarse coletiva, a primeira reação de quem se sentiu enganado, vilipendiado, iludido depois do processo eleitoral.
Neste domingo, em conversas informais, foi possível ouvir: “acho que não adiantou nada ir para a rua no mês passado. Nada mudou.”
No fundo, a impressão que fica é que muita gente chegou a acreditar que depois do desabafo do mês passado, como num passe de mágica, as coisas iriam começar a melhorar. Como não houve resultado imediato, o velho e bom comodismo do brasileiro pode estar de volta. Novas manifestações estão sendo agendadas para 20 de maio. Se o grito dos indignados minguar ainda mais, provavelmente junho chegará com ruas sem protestos.
APROVAÇÃO DE DILMA É DE 13%, DIZ PESQUISA
Por outro lado, essa realidade não significa necessariamente que indignação arrefeceu e a passividade retornou. O Datafolha também foi às ruas nos últimos dias. E descobriu que a aprovação do governo Dilma bateu em 13%. A rejeição à petista só é superada pelos 9% de Fernando Collor, em 1992 (auge do processo de impeachment), e os 13% de Itamar Franco, em 1993. Pode significar que o brasileiro está apenas aguardando a hora certa, 0 momento do voto, para um protesto ainda mais agudo. (Atualização das 20;44 – Segundo levantamentos oficiais, 700 mil pessoas foram às ruas neste domingo. Em 15 de março, 2,4 milhões saíram de casa).
Foto: PMDF, divulgação