Coluna do dia

A lorota do corte

As atenções convergem, nas duas próximas semanas, para o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo, que, em tese, teria que ser apreciado pelo Congresso Nacional ainda este ano. Os mais pessimistas entendem que esse assunto ficará para o ano que vem.

Principalmente porque o governo acabou misturando, com a contenção de gastos, novas despesas, o que é uma absoluta incongruência. Ora, nós estamos em meio ao estouro da boiada, à dívida pública fora de controle. Daí, o presidente da República decide que a isenção para o Imposto de Renda chegaria a R$ 5 mil. Ele foi pressionado por aquela corrente mais à esquerda do PT, que deseja se reaproximar da classe média, da qual está distante. E não é de hoje.
A classe média é essa que hoje está identificada com os conservadores. Só que isto estava fora do planejamento. O que havia sido acordado por Fernando Haddad com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, é que o assunto ficaria para 2026.

Palavra final

Mas, acabou que o presidente deu a posição final. Tanto é que ele não participou do anúncio. Mandou Haddad, com toda a pompa, acompanhado de uma dezena de ministros. Isso pegou muito mal entre os parlamentares. Até porque, em meio à contenção de despesas, é embutida uma despesa, e outra, e se fala agora em R$ 70 bilhões de cortes na segunda metade do governo; e quase 400 bilhões até 2030.

Conversa fiada

Esqueça essa projeção. Em 2030, acabará o mandato daquele que for eleito ou reeleito em 2026. Daí não dá pra raciocinar olhando para daqui a seis anos.

Tesourada

Então, o corte é de R$ 70 bilhões. Certo. A verdade é que o governo está mais perdido que cego em tiroteio. Conseguiu desagradar a gregos e a troianos. Parece que a bolha do Planalto ainda não se deu conta da situação. A explosão dos preços está aí. Mas o governo vem com aquela conversinha mole de que o empresário está remarcando os preços, elevando os preços.

Reação em cadeia

Ora, isso é consequência do descontrole nos gastos. Que afeta também os juros. Já há uma previsão de que percentual possa chegar até a 15% no apagar das luzes de 2024. A elevação dos juros é um remédio amargo para conter a inflação.

Tudo ao contrário

Se os juros forem reduzidos, como desejam o PT e o governo, agora com o Banco Central sob nova administração de um indicado petista no lugar de Roberto Campos Neto, é bem provável que a taxa Selic caia. Daí teremos uma explosão inflacionária.

Pulando fora

Os investimentos serão afugentados, o investidor internacional dará tchau para o Brasil, camarada. Aliás, a repercussão lá fora é a pior possível. De modo que a situação é pra lá de periclitante.

Maquiagem

Haverá os que dirão que estamos fechando bem os dados econômicos, que o emprego está sob controle, que o PIB está em pequena elevação. Certo, certo. Mas, para 2025 e para 2026, as perspectivas são desalentadoras. Por demais. Até porque, não tendo crescimento econômico, isso vai gerar o quê? Desemprego, crise social. O governo ainda não sabe direito pra onde está caminhando.

Teoria e prática

Ele deseja conter despesas, mas o gasto da máquina pública só faz aumentar. Lula, Janja e companhia, aliás, não querem cortar na própria carne. Querem é majorar impostos ao mesmo tempo que tenta fazer essa média, sem trocadilhos, com a classe média.

Galopante

Ocorre que a inflação está aí e tende a se fortalecer ali à frente. E quem será o maior prejudicado? Com a falta de emprego e com o poder aquisitivo sendo aniquilado? É o trabalhador, evidente e obviamente.

Ah, tá

Muito bem, então, alardeiam os gênios da vanguarda do atrasado: então vamos taxar as grandes riquezas? Então façam. O problema é que o Congresso Nacional não irá aprovar essa taxação. Simples assim. Ou seja, é um governo completamente desconectado. Não fala a mesma linguagem nem no seu âmbito interno e está dividido em relação às forças partidárias que o sustentam, no Congresso e nas alianças eleitorais. Um verdadeiro samba do crioulo doido.

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