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A necessária reforma política ante o apetite dos políticos

Impressionante como no Brasil o político, detentor de mandato,  mal galga um espaço na vida pública ou é reconduzido ao mesmo cargo e já começa a racionar em outras frentes.

Vejamos um exemplo clássico aqui na Capital. Gean Loureiro, reeleito prefeito no primeiro turno. Com todos os méritos, indiscutivelmente. Ele fez uma boa gestão e derrotou candidaturas de peso. A deputada federal Angela Amin, duas vezes prefeita, chegou em quarto lugar. O vereador Pedro Silvestre, o Pedrão, que conquistou a maior votação de Santa Catarina nesta função, também ficou pelo caminho. Assim como Elson Pereira, que disputou as três últimas eleições pelo PSOL e fez bonito nas duas primeiras. Em 2016, por muito pouco ele não foi para o segundo turno contra o próprio Loureiro, suplantando Angela Amin, que depois ameaçou seriamente a vitória do atual prefeito.

MÉRITO INDISCUTÍVEL

Gean tem todos os méritos administrativos e eleitorais. Mas, vejam só. Antes mesmo dele anunciar as mudanças no seu colegiado, o prefeito liderou reunião com o DEM, partido ao qual se filiou apenas no ano passado, tendo saído do MDB; e senta com o PSC e alguns parlamentares de outras legendas já costurando com vistas a um projeto de candidatura ao governo em 2022. Inclusive com sinalizações e possíveis adesões de deputados que poderiam buscar abrigo no DEM. Caso de Kennedy Nunes, do PSD. O parlamentar, aliás, já teria conquistado a anuência do presidente nacional dos pessedistas, Gilberto Kassab, para desembargar sem correr o risco de perder o mandato pela via judicial.

QUARTETO

Kennedy é o que está mais claramente disposto a cerrar fileiras no DEM.  Mas há outros no radar de Gean. Ricardo Alba e Felipe Estevão, do PSL, estão tendo conversações nesta direção, mesmo caso de Paulinha da Silva, do PDT, suspensa pelo partido por três meses. Ela também é namorada pelo MDB.

FALTA JUÍZO?

Só se não tiverem juízo para tal encaminhamento. Bom, quando se fala em Kennedy Nunes, tudo bem, juízo não é mesmo bem o seu lado mais forte. E os outros?
O DEM está numa encruzilhada. Rodrigo Maia está de malas prontas para deixar a legenda. Os líderes nacionais da sigla não sabem se apoiam a reeleição de Jair Bolsonaro ou se lançam Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde durante a primeira parte da pandemia. O detalhe é que o próprio Mandetta sinaliza que pode deixar o DEM. O desembarque de Maia deve abrir outras defecções nas fileiras demistas.

PIADA PRONTA

Sem falar no descalabro de uma pretensa candidatura do animador de auditório e empregado da Rede Globo, Luciano Huck, o que é um desatino que só comprova que o DEM está sem rumo, sem eira nem beira.

Só haverá embarques de deputados no DEM-SC a bordo de um projeto pilotado por Gean Loureiro se não houver nenhuma outra alternativa de articulação. Não haveria outra explicação.

SEM PERSONALIZAR

Agora, curiosa mesmo é a falta de senso de Gean Loureiro. Mal reeleito e já se movimenta e tenta se articular como candidato à sucessão de Moisés da Silva. Uma crítica que a coluna estende a tantos outros políticos que estão no mesmo diapasão de falta de comprometimento com o eleitorado, a sociedade e os mandatos para os quais foram eleitos.

MUITO TEMPO

Senão vejamos, caro leitor. O prefeito da Capital, se quiser mesmo ser candidato ao governo, terá que renunciar a quase três anos de mandato!

A Legislação Eleitoral precisa mudar. Urgentemente. Cidadão eleito para determinado cargo precisa cumprir o mandato. Ponto. Não importa se prefeito, vereador, deputado ou senador.

EXTENSÃO DE MANDATO – SEM REELEIÇÃO!

Outro dispositivo que se faz necessário é o fim da reeleição a mandatos no Executivo de cinco ou seis anos sem direito a continuar na mesma função. E no Legislativo, que sejam permitidas, no máximo, duas reeleições para o mesmo cargo: deputado estadual, por exemplo. O que possibilitaria três mandatos consecutivos. Seria uma maneira de melhorar a renovação e oxigenar o desgastado e modorrento universo político.

RENUNCIAR É O CAMINHO

Ah, mas se o cidadão for convidado e quiser virar ministro ou secretário de Estado? Ele que renuncie ao mandato. Não dá mais pra engolir essa história de suplentes, que não foram eleitos, assumirem cadeiras legislativas em profusão.

Urge a reforma política. Uma verdadeira e não gambiarras como ocorreu nas últimas décadas!

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