Coluna do dia

A pandemia do crime

Subtenente PM RR João Carlos Pawlick
Presidente da Associação de Praças do Estado de Santa Catarina – APRASC

As cenas de terror vividas pela população de Criciúma, que ganharam repercussão internacional, jogam luz sobre um desafio há tempos denunciado por nossos policiais: o crime está cada vez mais organizado e a segurança pública do Brasil cada vez menos.

Há décadas o Brasil vive uma espécie de “pandemia do crime”, mas não há uma corrida por investimentos na área como há pelos respiradores.

O crime cometido no Sul do Estado, minimamente planejado, com homens treinados e armamento pesado, é apenas mais um alerta de que o Estado precisa reagir na mesma moeda e com o mesmo poder de fogo.

Contudo, a segurança pública no Brasil, e aqui vamos falar especialmente de Santa Catarina, continua sendo tratada sem o devido respeito. São sete anos sem reposição inflacionária, sob a ameaça constante de retirada de direitos. Sofremos com a falta de efetivo, armamentos, munição, equipamentos de proteção individual, coletes e não há um plano de carreira decente que dê esperança de futuro.

Na pandemia a tropa colocou sua vida e a de seus familiares em risco, mas não recebeu nenhum adicional por isso, a exemplo de outras categorias.

Sem valorização e com as contas se acumulando, policiais caem na depressão e o número de suicídios entre os guerreiros só aumenta.

A tropa é perseguida por juízes nas audiências de custódia e os PMs são obrigados a ter câmeras instaladas no seu fardamento para serem julgados nas ocorrências. Rezam para que os magistrados, o Ministério Público e as corregedorias não interpretem como crime um tiro a mais ou achem que houve omissão.

Enfrentamos leis frouxas, impunidade, não temos respaldo jurídico para agir e ainda somos tratados como bandidos.

O roubo em Criciúma só comprova que os municípios não podem mais fechar os olhos para o setor, sob o argumento de que a segurança pública é missão do Estado. Na verdade é uma responsabilidade de todos, da sociedade civil organizada e da iniciativa privada, que já participa ativamente em municípios como Jaraguá do Sul, considerada a cidade mais pacífica do Brasil.

Afinal, essa modalidade criminosa consiste em assaltos sobretudo a bancos de cidades menores, cujo efetivo policial é reduzido e a capacidade de armamento pode ser superada.

É inadmissível que, em algumas comarcas, haja apenas um policial militar de serviço.

O crime acontece no município, não no Estado, mas o efetivo policial nos municípios é vergonhoso e coloca a tropa em constante perigo.

Também vivemos uma pandemia chamada “inversão de valores” , que transforma o bandido em vítima da sociedade. Nesse caso a vacina é uma segurança pública mais valorizada e preparada para situações como a de Criciúma, leis mais rígidas e o combate a uma cultura que protege criminosos por motivos ideológicos.

Um país que se preocupa mais com criminosos presos do que com suas vítimas não tem futuro e está fadado a sofrer as consequências. E, neste caso, nem respirador vai salvar.

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