Saímos das eleições de 2022 em Santa Catarina com um quadro partidário muito bem estabelecido e delineado, considerando-se as eleições municipais do ano que vem.
O PL e o PT, que polarizaram nacionalmente com as candidaturas de Jair Bolsonaro e Lula da Silva, foram ao segundo turno. A exemplo do que ocorreu por aqui com Jorginho Mello enfrentando Décio Lima.
Lá, o petista levou a melhor. No estado, foi o liberal quem chegou ao governo.
De modo que Décio Lima segue fechadíssimo com o companheiro Lula da Silva. Da mesma forma, Jorginho mantém o alinhamento total a Bolsonaro e às pautas conservadoras.
O petista catarinense assumiu o Sebrae nacional. A entidade dispõe de um orçamento invejável, com alguns bons bilhões de reais e com postos de atendimento em um terço dos municípios do Brasil. Um colosso. Aliás, Décio realizou um encontro com representantes do Sebrae de todos os estados, reunindo 130 pessoas, em Florianópolis.
Quintal
Obviamente que o petista privilegiou seu Estado, sua terra, como sede do evento. É do jogo. Ele se fortalece no contexto administrativo e também atua para dar mais condições ao PT com vistas às eleições de 2024.
Roda gira
Uma das metas é fazer o partido voltar a administrar prefeituras de médio e grande porte no território estadual, algo que não acontece há mais de uma década.
Mais adiante
Décio sinaliza claramente, ainda, para seu projeto de nova candidatura a governador em 2026.
Com Jorginho Mello não é diferente. Ele é o candidato mais natural de todos daqui a três anos e meio.
Folga
O governador ganhou com 70% dos votos o pleito passado no segundo turno. É o nome para a recondução e aí entra o componente da apreciação do panorama partidário estadual.
Espectros
Décio Lima será o nome das esquerdas. Atrairá, ao natural, PSOl, PV, que já formam uma federação com o PT, mais PSB, PDT, Rede e por aí vai.
Céu de brigadeiro
Do lado da direita, o PL está nadando de braçadas em Santa Catarina. O PP perde musculatura progressivamente. Esperidião Amin ficou em quinto lugar em 2022.
Movimento
Uma reunião alternativa foi realizada tentando montar um novo diretório do PP-SC. Deputados e prefeitos não aderiram. Agora, contudo, o deputado Zé Milton se apresenta como nome para dirigir a seção Barriga-Verde da legenda na sucessão do secretário de Estado de Indústria, Comércio e Serviços, Silvio Dreveck.
Pelas tabelas
O PP, diminuto, está enfraquecido. Assim como o União Brasil, resultado da fusão do PSL com o DEM. Gean Loureiro renunciou à prefeitura da Capital e chegou em quarto lugar em 2022.
Penas caindo
E o PSDB? A sigla está desaparecendo. Não fez um deputado federal sequer no ano passado. Tem poucos prefeitos em SC.
Dupla
O PP, registre-se, ainda tem dezenas de alcaides, mas o UB quase nada em termos de prefeituras.
Futuro?
O Republicanos, assumido pelo ex-governador Carlos Moisés, patina. Não avança. O PL monopoliza as atenções no estado.
Fará frente?
No contexto de centro-direita, quem tenta polarizar com os liberais catarinenses é o PSD. O partido administra a Capital, com Topázio Neto; também está à frente da prefeitura de São José, onde Orvino Ávila é o prefeito; e Chapecó, com João Rodrigues. Os três são candidatos à reeleição.
Lacuna
Em Lages a fatura foi liquidada. Antônio Ceron está em prisão domiciliar e fora de combate.
Compensação
Para compensar Lages, os pessedistas estão trazendo Clésio Salvaro. O prefeito de Criciúma não pode tentar novo mandato, mas é o grande eleitor da cidade com excelentes chances de fazer o sucessor. Seria um reforço para o PSD.
Incógnita
Há, ainda, o Novo. A legenda tem apenas um prefeito no Brasil. O catarinense Adriano Silva, que administra Joinville, maior cidade do estado.
Passa pela reeleição
O joinvilense pode ser o grande oponente, nesse espectro ideológico de centro para a direita, de Jorginho Mello ali adiante.
Resumo
Basicamente, temos o PSD tentando resistir e o Novo dependendo da reeleição de Adriano Silva. Fora disso será o repeteco de 2022 via polarização nacional entre PL e PT.
Envergadura
O PL vai eleger prefeitos em cidades estratégicas considerando-se o fato de ter Jorginho Mello à frente do governo estadual? Não resta a menor dúvida. Vai crescer o número de prefeituras catarinenses.
De volta ao passado
Resta saber se o PT vai repetir o feito de 1996, quando o próprio Décio Lima foi eleito prefeito de Blumenau, sendo reeleito em 2000. José Fritsch também foi eleito e reeleito em Chapecó nos mesmos pleitos. Foi um momento vermelho. Depois, o PT minguou em SC.