Coluna do dia

A transmutação do MDB

É sabido e reconhecido que o MDB surgiu como organização política no pior momento do regime militar. Assumiu o papel de antagonista ao militarismo que assumiu o país nos anos 1960.
O Manda Brasa nasceu, portanto, como contraponto à Arena, partido que dava sustentação aos militares-presidentes.
A sigla está próxima de completar 60 anos de existência. Começou com toda dificuldade contra o regime, mas foi crescendo, com discurso forte, programático e líderes de qualidade. Bem diferente da realidade atual do próprio MDB e de partidos como o PT.
Em 1974, o MDB elegeu 16 senadores. Inclusive Evelásio Vieira, o Lasinho, que era radialista em Blumenau. Também foi prefeito da Capital do Vale.
Daí veio o pacote de abril de 1977. O Congresso Nacional foi fechado, houve reforma do Judiciário e foi nesta oportunidade que se estabeleceu a figura do senador biônico (hoje temos ministros biônicos no STF), nomeados pelo presidente da República. Isso porque em 1978 as eleições preencheriam duas vagas à Câmara Alta.

Alto lá

O regime sentiu que perderia a maioria no Senado e decidiu nomear uma em cada duas vagas nos Estados. Em Santa Catarina, o escolhido pelos militares foi Lenoir Vargas Ferreira, que já havia sido senador. O eleito pelos catarinense em 78 foi Jaison Tupy Barreto.

Digressão

Fizemos toda essa ilustração para lembrar que o MDB foi forjado na luta contra a ditadura, com líderes combativos e valentes.

Descaracterização

Década após década, contudo, o MDB foi se descaracterizando. No começo, era uma frente e assim permanece até hoje. Mas com motivações e atuações distintas do nascedouro até hoje. Por décadas, a sigla foi a maior frente do Brasil e em Santa Catarina. Por essa característica, acabou recebendo figuras que não correspondiam com o perfil daqueles que o fundaram.

Misericórdia

José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho, enfim, no contexto nacional é longa a lista de figurinhas que tomaram o MDB de assalto. Em Santa Catarina, também houve oportunistas. Gente que foi da Arena e acabou no Manda Brasa. Vamos citar apenas um nome: Eduardo Pinho Moreira. O seu cunhado, o saudoso Realdo Guglielmi, foi quem o trouxe para o MDB e o elegeu deputado federal constituinte em 1986. Naquele ano, Pedro Ivo Campos venceu a disputa ao governo.

Dupla sulista

Eduardo Moreira, mesmo com Walmor de Luca já sendo deputado e representando o Sul, acabou eleito. Hoje, o partido está recheado de aproveitadores, oportunistas e fisiológicos de plantão por toda Santa Catarina.

Arregimentação

Por que tantos prefeitos e deputados ainda comprometidos com o Moisés da Silva mesmo depois da humilhação da recusa ao nome de Antídio Lunelli? Certamente pelo Pix do governador e pelos generosos cargos no governo estadual. Comprar almas anda em voga na política.

Ladeira abaixo

O MDB caminha para o fim, está se descaracterizando. Nessa toada, a tendência é que a sigla desapareça.

Câncer

A derrocada ética, moral e programática do MDB é só mais um sintoma do sistema político-eleitoral podre, contaminado, carcomido, viciado e que carece, pra ontem, de uma ampla reforma neste país.

Não venham

É um sistema que deseduca. Faz com que os jovens percebam que a vida pública e política é para malandros, desonestos e bandidos. É esse o futuro que queremos?

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