“Por parte do Brasil precisamos expor mais a economia à concorrência internacional. Mas não a faremos maneira açodada, irresponsável e abrupta. Vamos fazer o diálogo com a sociedade e os empresários de forma ampla, progressiva e coordenada com outras frentes da política econômica”, afirmou o secretário de comércio exterior e assuntos internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo. Ele participou da reunião de diretoria da FIESC, nesta sexta-feira (22), em Florianópolis.
Troyjo salientou que o governo tem lições de casa para executar, como a reforma da previdência, a tributária, privatizações, concessões, a reforma administrativa e a inserção da economia. “Não faz sentido fazer redução abrupta das tarifas de importação se você não consegue mexer na simplificação e desburocratização da empresa exportadora e importadora. Não faz sentido expor simplesmente o setor a uma maior competição internacional se não diminuir sua carga de tributos”, explicou.
Conforme o secretário, a abertura vai significar, de certa forma, reestruturar também o Mercosul. “É preciso rever algumas coisas no Mercosul até no sentido de deixá-lo mais rápido e eficiente. Quase nem cumprimos a fase de livre comércio e fomos direto à união aduaneira”, disse ele, ressaltando que é um tema em análise em que se avalia ser uma união aduaneira, mas com tarifas mais baixas e próximas da média mundial. Ele também observou que mudanças podem tornar o bloco mais atrativo para receber projetos de infraestrutura, por exemplo, que sejam de interesse dos países. “Se quiser atrair capital internacional precisa que os sócios se deem as mãos”, afirmou.
Marcos também lembrou que os Estados Unidos não estão em declínio, mas em transformação. “Isso vai nos impactar como problema ou oportunidade”, disse, chamando a atenção para a migração da ênfase da economia mundial do atlântico para o pacífico, capitaneada pela China, mas com participação importante da Índia. Inclusive, ele acredita que o crescimento do PIB e da renda indiana abre oportunidade para o Brasil ampliar o fornecimento de alimentos.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, disse que a inserção comercial brasileira com diálogo e ouvindo o setor produtivo tranquiliza Santa Catarina. “Temos um estado que tem uma participação importante na corrente de comércio internacional. A China é o principal cliente dos produtos catarinenses e em segundo lugar temos os Estados Unidos”, afirmou, lembrando que o estado é destaque na agroindústria nacional.