Três grandes eventos em Laguna, Florianópolis e Chapecó, entre os dias 26 de julho e 4 de agosto, devem marcar as homenagens ao Dia da Imprensa Catarinense, que se comemora em 28 de julho.
A data celebra o surgimento do primeiro jornal de Santa Catarina, em 1831, fundado pelo lagunense Jerônimo Francisco Coelho (1806-1860).
As festividades dos 187 anos do início da imprensa no Estado são organizadas pela “Associação Catarinense de Imprensa (ACI) – Casa do Jornalista”, que também celebra seus 86 anos de fundação e os 50 anos da Casa do Jornalista.
A primeira edição de O Catharinense foi lançada em Desterro (hoje Florianópolis), quando Jerônimo Coelho tinha 25 anos. Hoje, restam alguns poucos exemplares do jornal, que estão na Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e na Biblioteca Pública de Santa Catarina. Já a prensa usada para imprimi-los está no Museu Anita Garibaldi, em Laguna.
Além de jornalista, Jerônimo Coelho se destacou nacionalmente como militar e político. Antes de retornar a SC, foi presidente das províncias de Grão-Pará e Rio Grande do Sul. Exerceu, ao mesmo tempo, os cargos de ministro da Marinha e da Guerra de Dom Pedro II.
Em Santa Catarina, além de idealizar O Catharinense, criou um segundo jornal (O Expositor) e fundou a primeira loja maçônica do Estado. Por isso mesmo, além de ser um nome histórico da imprensa, é também patrono da maçonaria catarinense.
“É uma honra continuar reverenciando esse ilustre catarinense, que foi um homem público probo e deixou um legado muito importante para a imprensa, principalmente no que se refere à ética”, ressalta Ademir Arnon, presidente da ACI.
Agenda:
– Quinta-feira, 26 de julho – Laguna:
Homenagem a Jerônimo Coelhono centro histórico, às 10h, na praça que leva o nome do ilustre lagunense. No evento, discursará o ex-presidente da ACI jornalista Moacir Pereira (foto interna). A coordenação é do diretor regional da ACI, Márcio Carneiro.
– Sexta-feira, 27 de julho – Florianópolis:
Acomemoração do Dia da Imprensa Catarinense será às 10h30min, na Praça XV, junto ao busto de Jerônimo Coelho. Na ocasião, falará o ex-presidente do Conselho Superior da ACI e atual presidente da Academia Catarinense de Letras (ACL), Salomão Ribas Junior. A organização fica por conta da ACI, maçonaria catarinense, 14ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, Instituto Histórico e Geográfico de SC e ACL.
– Sábado, 4 de agosto – Chapecó:
Será realizado o 11º Encontro da Imprensa Catarinense. Durante o almoço festivo, os jornalistas Luiz Carlos Prates e Alberto Gonçalves de Souza receberão homenagens por terem completado 50 anos de profissão e duas lideranças do associativismo brasileiro: José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC e Saul João Ravadoscki, presidente da Sicredi Região da Produção RS/SC. A organização é do diretor regional da ACI, Marcos Bedin.
O legado do patrono da imprensa catarinense*
Quase dois séculos após a fundação de O Catharinense, o legado jornalístico de Jerônimo Coelho ainda ecoa em Santa Catarina. Nascido na Vila Nossa Senhora dos Anjos de Laguna e conhecido como “Espada Falante”, tinha sempre presente a verdadeira missão do Jornalismo: a responsabilidade com a sociedade, para auxiliá-la em suas decisões, enriquecê-la culturalmente e colaborar com o fortalecimento da cidadania.
Nesse marco, ele sempre priorizou a defesa dos oprimidos. A liberdade de imprensa que ele defendia estava ligada ao atendimento dos mais necessitados.
Jerônimo Coelho chegou a Desterro, na época com apenas 6 mil habitantes, para proteger os humilhados, incluindo os escravos que viviam na cidade. Por isso, escreveu no primeiro número de O Catharinense:
“Prometo velar solícito da guarda da inocência: ela não terá mais de gemer em silêncio, e aqueles que a oprimam, terão de ser dados ao prelo (tipografia), para serem apontados como opressores da humanidade. Eles jamais poderão encarar a liberdade de imprensa sem horror porque, por meio dela, os seus crimes e suas tramas serão sempre expostos ao conhecimento dos povos.”
Para ele, a imprensa não devia se conformar em apenas noticiar fatos, mas também mostrar o caminho para a inclusão social. “Pelo seu intermédio vós podereis comunicar mutuamente vossos pensamentos e ideias, e desta arte as luzes se propagarão com rapidez e facilidade”, enfatizou.
O patrono da imprensa catarinense sempre priorizou a independência jornalística, evitando a armadilha de ser porta-voz dos poderosos. Preferiu a vida simples, sem luxos, para poder servir a sociedade com autonomia.
Como escreveu o almirante Henrique Boiteux, na biografia sobre o jornalista:
“Pobre nasceu; de mãos limpas viveu e com elas puras morreu. Viveu na honradez e probidade, uma vida sem fausto nem luxo. Acomodava-se às suas circunstâncias e a muitos que lhe estranhavam aquele modo de proceder, contentava-se em dizer: a minha pobreza é a minha riqueza”.
* Por Billy Culleton, Diretor da ACI.