Coluna do dia

Açodamento estadual

Já temos candidato a governador na praça. É isso mesmo, João Rodrigues, prefeito de Chapecó, que é candidato à reeleição.
Rodrigues, aliás, é favoritíssimo a uma recondução, mas ninguém ganha eleição por antecipação. Estamos falando até aqui das eleições de outubro deste ano, daqui a dois meses. Mesmo assim, no último final de semana, o prefeito Clésio Salvaro, de Criciúma, lançou o correligionário à sucessão estadual. É o primeiro pré-candidato que coloca o bloco na rua com vistas ao processo sucessório estadual.
O governador Jorginho Mello, ao natural, é candidato à reeleição. Mas até hoje ele não se pronunciou nessa direção. Pode até estar montando as candidaturas e as coligações às eleições municipais com esse objetivo. Publicamente, contudo, ninguém o lançou e nem ele assumiu essa candidatura, como já ocorreu com João Rodrigues.
Então, quer dizer que já temos nome para 2026, transformado em pré-candidato, antes de se reeleger no seu município?
De uma coisa, contudo, ninguém pode acusar João Rodrigues. Ele está sendo transparente com o eleitorado da Capital do Grande Oeste. Em caso de reeleição, ficará pouco mais de um ano à frente da Prefeitura, pois terá que renunciar para estar apto a ser postulante ao governo.

Variáveis

Na eventualidade, embora improvável, de uma derrota do prefeito de Chapecó, quando muito ele será candidato a deputado numa eleição proporcional. Ou seja, estão colocando a carroça na frente dos bois.

Ponta firme

Outro aspecto nessa movimentação do PSD em torno de João Rodrigues. Ele e Jair Bolsonaro não se falam há tempos. E o ex-presidente já deixou muito claro que o seu candidato será Jorginho Mello. Ponto. Trocando em miúdos, significa que o prefeito de Chapecó vai disputar o governo à revelia do apoio e das articulações de Bolsonaro.

Correligionários

Chance zero de Jair Bolsonaro apoiar João Rodrigues para o governo. Ele já falou isso diante do próprio prefeito em Chapecó. Durante um ato público, também na presença de Jorginho Mello, quando a claque começou a entoar “João para o governo”, o próprio Bolsonaro corrigiu: “Não, o governo é Jorginho. João é ao Senado.”

Partido

Só que tem um adendo ainda. Recentemente, Bolsonaro mandou avisar que apoiaria a candidatura de João Rodrigues ao Senado. Desde que ele se filiasse ao PL. Em caso de permanência do oestino no PSD, hipótese alguma de estarem no mesmo palanque.

Desafetos

Também porque Bolsonaro está com bronca de Gilberto Kassab, que é o presidente nacional do partido.

Holofotes

Não custa lembrar, ainda, que Salvaro o lançou na convenção que homologou o candidato do PSD à prefeitura de Criciúma. Não que o projeto municipal tenha ficado em segundo plano, mas o que chamou a atenção foi ter dado mais projeção justamente ao lançamento de João ao governo do Estado.

Condicionante

Para que esse lançamento de Rodrigues tenha consistência, Salvaro tem que eleger Vaguinho Espíndola à sua sucessão, o que se constitui hoje em missão desafiadora.

Sintomático

O PSD parece impaciente, inquieto, talvez preocupado com as suas perspectivas eleitorais, especialmente nos quinze grandes municípios, onde tem tudo para eleger dois prefeitos apenas: Juliana Pavan em Balneário Camboriú, por uma barbeiragem do PL; e João Rodrigues em Chapecó, que foi a segunda barbeiragem liberal.

Encolhidos

Numa cidade importante como a Capital do Grande Oeste, os liberais sequer lançaram candidato. O 22 de Jair Bolsonaro, do PL, não estará na urna eletrônica. A homologação foi apenas de chapa proporcional de vereador.

Cartas marcadas

Por coincidência, onde o PL bateu cabeça foi nas cidades onde o PSD apresenta melhores perspectivas. De resto, o PL deverá fazer aí, entre os quinze maiores municípios, no mínimo cinco prefeituras. Se isso se consumar, os liberais podem chegar ao final de outubro com três vezes mais prefeitos eleitos nas maiores cidades do estado.

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