Coluna do dia

Acordão PMDB-PSDB

Os três representantes de Santa Catarina na Câmara Alta, Dário Berger (PMDB), Paulo Bauer (líder da bancada tucana, que chegou à Casa de ambulância), e Dalirio Beber (PSDB) votaram pela derrubada, na sessão de terça-feira, das medidas cautelares – afastamento do mandato, recolhimento noturno e suspensão do passaporte – impostas pelo STF a Aécio Neves. Engana-se, contudo, quem acha que houve corporativismo no Senado.

Ocorreu que suas “Excelências” exercitaram, ao extremo, seu melhor instinto, o da sobrevivência. No plenário, ontem, estavam 18 senadores enrolados até o pescoço com a Lava Jato. Essa turma olhava para o senador mineiro como um espelho: eu posso ser o Aécio amanhã. No mais, a escancarada e quase que fechada postura do PMDB, com 18 de seus 20 senadores votando favoravelmente ao tucano, demonstra que há um acordo entre PMDB e PSDB.

Os peemedebistas que livraram o mineiro no Senado agora esperam que os tucanos ajudem a livrar Michel Temer da segunda denúncia de Janot na Câmara. Não por acaso, o próprio presidente entrou no corpo-a-corpo, terça-feira, “convencendo” senadores a salvarem Aécio da guilhotina. O placar de 44 a 26 foi apertado. O número mínimo necessário visando a derrubar as medidas definidas pelo STF era de 41 votos.

 

Departamento médico

Os peemedebistas Romero Juca e João Alberto estavam com complicações de saúde na terça (o segundo desmarcou uma cirurgia), mas compareceram à votação. A presença deles embretou Paulo Bauer, que não teve saída a não ser pegar a ambulância e dar as caras no plenário. O PMDB deixou claro que não arcaria sozinho com o ônus de tirar o pescoço de Aécio da lâmina.

 

Departamento médico 2

Bauer também entrou no departamento médico terça-feira. Acusou a fortíssima pressão a que esteve submetido nos últimos 21 dias, desde que o correligionário Aécio Neves foi afastado do mandato (voltou depois da decisão do Senado) e obrigado a ficar em casa à noite, tudo combinado com a suspensão do passaporte.

 

Tensão total

O catarinense registrou crise de hipertensão, foi parar no hospital – Instituto de Cardiologia de Brasília – durante a tarde, mas diante dos apelos de colegas favoráveis a Aécio e mensagem veladas de peemedebistas, que temiam uma derrota – Aécio conquistou três votos a mais do que o mínimo necessário – Bauer registrou presença. E posicionou-se pela derrubada das medidas cautelares impostas pelo STF a Aécio.

 

Desgaste

Com pretensões declaradas de disputar o governo do Estado em 2018, Paulo Bauer certamente vai medir os reflexos de sua postura neste período complicado no Senado. O desgaste no momento parece inevitável.

 

Cara-de-pau

Depois de vitória no plenário, Aécio Neves emitiu nota. Disse que a decisão dos colegas “restabeleceu princípios essenciais de um Estado Democrático de Direito.” A coluna reitera que o tucano já deveria ter sido cassado e preso. Foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao bandido-geral da República, Joesley Batista. Os investigadores também filmaram o primo do mineiro enfiando maços e mais maços de notas, recebidas de um executivo da JBS, em uma mochila depois do mau cheiroso telefonema.

 

Frase

“É fundamental fazermos um apelo ao senador Paulo Bauer, para que ele faça um esforço a mais e venha. Afinal, o João Alberto cancelou uma cirurgia. E o Romero Jucá teve arrancada metade das tripas e está aqui. Firme!” Renan Calheiros, o notório, que empilha inquéritos no STF, durante a sessão da terça-feira.

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