O mundo político do Sul do Estado estremeceu na manhã de sexta-feira, 24, quando 44 policias federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em Criciúma, Florianópolis, Içara e Morro da Fumaça. No epicentro das investigações, o grupo político da deputada Ada de Luca (PMDB), secretária de Justiça e Cidadania do governo estadual.
A operação foi batizada de República Velha, uma alusão ao coronelismo que imperou no período de 1889 a 1930.
No momento em que os federais estavam no front, cumprindo os mandados, alguns dos principais cardeais do PMDB encontravam-se na região Sul, base política de Ada.
Presidente estadual do PMDB, deputado Mauro Mariani, estava em Araranguá e tinha agenda prevista ainda na sexta em Criciúma, onde a mobilização do 15 ocorre durante o dia.
O vice-governador Eduardo Moreira, que já foi prefeito de Criciúma, chegou de manhã na cidade, onde inspecionaria obras da Via Rápida, que liga o centro da cidade à BR-101. A obra tem previsão de inauguração no dia 20 de dezembro.
Consta que Ada de Luca desligou o celular. Seu secretário adjunto, Leandro Lima, não estava no gabinete de manhã, segundo funcionários.
Apreensões
A Operação República Velha, destinada a apurar delitos eleitorais de falsa prestação de contas à Justiça Eleitoral (“caixa 2”), corrupção eleitoral e formação de quadrilha, que teriam sido cometidos no decorrer da campanha eleitoral de 2014.
A conferir os desdobramentos judiciais, políticos e eleitorais do caso.
Acusações
A Polícia Federal divulgou nota na sexta-feira de manhã. Confira um trecho. “As investigações, iniciadas em janeiro/2017, colheram fortes indícios de que, no decorrer da campanha eleitoral de 2014, para eleger uma pessoa candidata ao cargo de deputado estadual, os investigados teriam constituído um grupo, composto pelo próprio candidato, atualmente ocupando outro cargo público, seus coordenadores de campanha, bem como cabos eleitorais e apoiadores, que, valendo-se de meios escusos, voltados a burlar a legislação eleitoral, notadamente a utilização de recursos de origem obscura e não contabilizados – “CAIXA 2”, teria custeado despesas não declaradas à Justiça Eleitoral e promovido o aliciamento de eleitores mediante o oferecimento/dação de dinheiro e/ou vantagens.”
Complicação
A depender dos desdobramentos do caso Ada de Luca, as articulações sulistas para renovar a aliança entre PSD e PMDB podem sofrer abalo considerável.
Boa sorte
Deputado Federal João Rodrigues aproveitou a agenda do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), sexta-feira na Casa d’Agronômica, para informar ao correligionário que ele é pré-candidato ao governo do Estado. Fez o anúncio na presença do governador Raimundo Colombo. O próprio Meirelles, que é filiado ao PSD, examina a possibilidade de disputar a Presidência da República. O ministro desejou boa sorte ao deputado federal e afirmou que deseja que Santa Catarina continue sendo administrada pelo PSD. Meirelles rasgou elogios a Colombo.
Imbróglio
Ex-deputado Renato Hinnig, que anda meio sumido, ficou sabendo pela mídia que foi destituído do comando estadual pelo presidente nacional da legenda. Francisco Camargo Filho reassumiu o cargo em meio a uma confusão que sem sombra de dúvidas vai terminar no Judiciário. Às portas do ano eleitoral!