No afã de querer reforçar seus quadros partidários, o comando do PSD-SC acabou trocando os pés pelas mãos e fez lambança no Sul.
Muito embora a filiação do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, não tenha sido consumada publicamente, o anúncio oficial está marcado para o dia 26 de junho em grande evento na Capital do Estado. Ele inclusive já assinou ficha. Foi na semana retrasada.
Ora, o PSD tem dois deputados federais. Ismael dos Santos, eleito pela igreja e que é um bom parlamentar. Sua eleição, contudo, é resultado de uma mobilização segmentada.
O outro é Ricardo Guidi, que tem base justamente na maior cidade do Sul. Renovou o mandato em Criciúma numa disputa carregada de candidatos. A região, registre-se, é bolsonarista na veia.
Depois de Blumenau, Criciúma é a cidade mais bolsonarista de Santa Catarina. Dali, elegeram-se deputados federais Daniel Freitas e Julia Zanatta, os dois do PL. A tucana Geovania de Sá está no exercício do mandato, mas ficou como primeira suplente e assumiu depois da investidura de Carmen Zanotto na Secretaria de Estado da Saúde.
Páreo duríssimo
Ou seja, foi uma eleição desafiadora. Guidi deu conta do recado. Agora vão trazer Clésio Salvaro, que filiará, ainda, seu nome preferido a prefeito, o vereador Arleu da Silveira? Como assim, cara-pálida, tudo isso ignorando a presença de Guidi?
Digitais
Quem está fazendo essa operação é o deputado Julio Garcia, que supostamente representa Criciúma. Na cidade, ele fez 2,5 mil votos em 2022. Resultado que nos ajuda a dimensionar sua amplitude entre o eleitorado criciumense.
Hã?
Questionado por interlocutores sobre essa manobra enviesada, Garcia joga a responsabilidade no colo de um de seus ventríloquos, Eron Giordani. Convenhamos. Até as pombas da Praça XV em Florianópolis sabem que Giordani não faz nenhum movimento estratégico sem as bênçãos de Julio Garcia.
Alto lá
Acharam que iam dar um cala-boca em Guidi. Nada disso. O deputado federal já teve dois encontros com Gilberto Kassab. O PSD, registre-se, vem perdendo consistência e abrir mão de um deputado federal seria desastroso sob o aspecto das comissões internas da Câmara, tempo de rádio e TV, fundões eleitoral e partidário.
Bola da vez
Kassab foi assertivo. Disse que em Criciúma a condução é de Ricardo Guidi. O dirigente nacional do PSD ainda ligou para seu velho amigo Jorge Konder Bornhausen, a quem alertou que não quer se incomodar com essa situação em Criciúma.
Cabo eleitoral
De modo que, no máximo, Clésio Salvaro pode alistar-se no PSD, mas e aí, ele apoiaria Ricardo Guidi? O deputado, aliás, está muito bem em pesquisas internas entre os criciumenses.
Exceção à regra
Vale lembrar que os últimos que transferiram votos neste país foram o engenheiro Leonel Brizola e Jair Bolsonaro. O candidato de Salvaro não tem visibilidade. É vereador, secretário municipal, mas sem a penetração conquistada por Guidi. Será que só o fato de Salvaro colocar a mão no obro dele e estará eleito? Complicado!
Avaliando
Se forçarem a barra, o deputado federal do PSD criciumense pode migrar para outra sigla. Quatro partidos já ofereceram espaço ao parlamentar sulista. PL, PP, UB e MDB.
Portas abertas
Outro aspecto. Julia Zanatta não faz qualquer restrição à ida de Guidi, com quem ela já trabalhou, para o PL. A mãe de Ricardo Guidi, Sandra Zanatta, já foi suplente de senadora de Esperidião Amin e é parente de Julia.
Em casa
Os avós dos dois federais, Ricardo e Julia, eram irmãos. O que Julia Zanatta não aceita é Clésio e Arleu no PL.
Pivô
Ou seja, Ricardo Guidi tem papel estratégico nestas eleições na principal cidade da região Sul catarinense. É candidato fortíssimo.
DNA
Seu falecido pai, Altair Guidi, grande figura, foi duas vezes prefeito da cidade, foi deputado estadual e secretário de Estado. O deputado federal já tem a sua própria história política e a grande história registrada por seu progenitor.
Atalho
O PSD está na contramão. Pelo visto, exímios articuladores políticos da legenda estão a desaprender.