Costuma-se dizer que, no Brasil, o ano verdadeiramente começa após o Carnaval. Quarta-feira de cinzas, esse último final de semana, e chegamos na segunda-feira, dia 10.
Trocando em miúdos, a vida se inicia, de verdade, exatamente 70 dias depois da chegada de 2025.
Mas perceba que, paralelamente a esse sentimento nacional de que as coisas só começam depois dos festejos carnavalescos, vale lembrar que janeiro é recesso. Tanto no Legislativo quanto no Judiciário. O Executivo funciona, mas devagar, quase parando.
Coincidentemente, ontem, 10 de março, foi o dia da investidura de dois novos colaboradores do governo Lula. Alexandre Padilha, remanejado da Articulação Política para o Ministério da Saúde, que ele já ocupou pelo governo Dilma Rousseff.
Foi substituído nas Relações Institucionais com o gabinete dentro do Palácio do Planalto, por quem? Pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que foi ministra-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff.
Conexões
Então o mesmo Lula, que mandou para bem longe a sua sucessora, Dilma Rousseff – ela foi comandar o banco dos países que integram o BRICS, lá na China -, aqueles que a serviram estão voltando à ribalta do petismo.
De volta para o passado
Ou seja, é Lula da Silva engatando uma marcha-a-ré, mostrando que aquele Lula lá, de 2002, eleito e reeleito em 2006, esse não existe mais. Não vamos nem entrar no contexto econômico, porque estamos caminhando em direção ao precipício.
União
Mas a investidura de Gleisi passa para o mundo político o sentimento de que Lula vai apostar tudo na unidade do PT, e quem sabe trazendo todos os partidos de esquerda em torno da sua recandidatura em 2026.
Quinteto
E os demais partidos que integram o centrão, o MDB, o PP, o PSD, o União Brasil e o Republicanos, vamos ficar só nesse quinteto; todos esses partidos, as lideranças que gravitam em torno dessas siglas, ficaram desapontadas com a opção de Lula da Silva por Gleisi Hoffmann. Ela é uma radical, uma sectária, que pelo visto vai exercer forte influência sobre o atual inquilino do Planalto.
Fuga
Gleisi, aliás, tem tudo para afugentar esses partidos todos. É um governo que se encontra muito mal economicamente, vivendo uma absoluta instabilidade, que vai se ampliar porque dentro do PT a maior crítica à política econômica pilotada por Fernando Haddad sempre externada foi Gleisi Hoffmann. Ou seja, o quadro econômico tem tudo para se deteriorar porque ela vai sustentar mais gastos públicos para tentar restabelecer a popularidade presidencial.
Gastança
Quando na verdade isso tudo vai levar à inviabilidade do governo. Além de comprometer na raiz a governabilidade. Não apenas sob o aspecto econômico, ignorando completamente a contenção de gastos e tudo mais, mas também no contexto político, porque Lula da Silva vai perder apoios que vinha tendo.
Isolamento
Mas, considerando-se a impopularidade, considerando a fragilidade política e econômica, ele tem tudo para, em 2025, caminhar para um isolamento em contraste com o fortalecimento da corrente conservadora no Brasil.