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Agronegócio: orgulho de SC

As dificuldades que marcam o quadro macroeconômico começam, lentamente, a atingir o agronegócio, um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, cujos superávits na balança comercial dão, há mais de 20 anos, estabilidade ao País. Depois de proporcionar sucessivos superávits de 100 bilhões de dólares ao ano e, assim, salvar a balança comercial do Brasil, o agronegócio também se declara afetado. As medidas de apoio ficaram só no discurso. As péssimas condições de infraestrutura destroçam toda a eficiência e competitividade obtida “dentro das porteiras” em face da inexistência e/ou das más condições das rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, comunicações e geração de energia.

Em Santa Catarina, a Faesc e o Senar reagiram: de um lado, buscou-se a defesa técnica e política da agricultura, pecuária e do agronegócio; de outro, investiu-se fortemente na qualificação e requalificação profissional dos trabalhadores, produtores e empresários rurais. Um dos destaques foi o fomento à pecuária de corte e de leite, na difusão tecnológica, no aprimoramento genético e no estímulo aos negócios.
O dólar elevado implica em aumento dos custos de produção no campo e na indústria porque grande parte dos insumos – especialmente milho e farelo de soja para nutrição animal, equipamentos, embalagens, aminoácidos etc – são cotados em dólar. É errôneo afirmar que a agricultura exportacionista e a agroindústria têm lucros automáticos com o aumento do dólar.

O agronegócio é o maior orgulho de Santa Catarina e luta tenazmente para avançar no mercado mundial, dominado por gigantescos grupos econômicos do agronegócio e essa concentração gera um dilema – como manter competitivos os pequenos e médios produtores rurais nesse mercado concorrente e hostil.
Por isso, foi um erro da diplomacia brasileira não ter acompanhado, negociado ou participado das tratativas que resultaram na aprovação do acordo que criou o Mercado Comum do Pacífico. Teme-se, agora, que o Brasil perca mercado para suas carnes. Observe-se que 90% da carne de frango importada pelos japoneses é brasileira, mas, esse mercado pode ser abastecido pelo frango norte-americano, pois, Japão e Estados Unidos são, agora, parceiros do Acordo Transpacífico.

O maior patrimônio da agropecuária catarinense é o seu status sanitário como área livre de febre aftosa e peste suína clássica sem vacinação. Essa é uma condição única no Brasil e vem assegurando a conquista de mercados internacionais. A manutenção desse status depende da ação conjunta dos criadores, das agroindústrias e do serviço de inspeção sanitária do governo estadual.
As dificuldades persistirão em 2016, mas, esse quadro não nos assusta; apenas dá a dimensão de nossa responsabilidade. Um fato positivo é que aumentou de forma exponencial, nos últimos anos, o protagonismo do universo rural na vida econômica brasileira. O setor primário – tendo a agropecuária como destaque – tornou-se área de prestígio nacional, com reconhecimento, inclusive, da grande imprensa e da mídia especializada. No passado, produtores, empresários e lideranças rurais reclamavam do tratamento recebido da mídia nacional, ora preconceituoso, ora segregacionista.

Não foi, porém, de forma gratuita que a agricultura e o agronegócio se tornaram pauta jornalística permanente. Em 2015, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu -3,8% e a indústria -6,5%, a agricultura cresceu +1,8%. A agropecuária ocupa 27% do território brasileiro e preserva 61% da vegetação, representa 23% do PIB, sustenta 25% dos empregos e responde por 46% das exportações – por isso, pode e deve influenciar o futuro do País.
Nesse cenário, é importante destacar o papel dos Sindicatos Rurais na organização do campo. Atuando como associação coletiva, com natureza privada, voltada para defender e incrementar os interesses coletivos profissionais e empresariais, os Sindicatos Rurais são, há décadas, a voz das comunidades rurais. Muito além das defesas classistas, as entidades sindicais dedicam-se as variadas missões, desde melhorias infraestruturais, como estradas, escolas, postos de saúde e eletrificação, até planos de incentivo a produção e programas de qualificação profissional.

 

José Zeferino Pedrozo, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc)

 

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