Ex-governador e deputado federal Esperidião Amin escreveu o belo texto abaixo em decorrência da morte do professor Lauro Zimmer (foto), ocorrida depois de 10 anos de morte cerebral, período que ficou em casa aos cuidados dos familiares. Educador reconhecido nacionalmente, Ziimmer foi reitro da Udesc e integrante do Conselho Federal de Educação. Faleceu aos 70 anos de idade.
“Meu Amigo Lauro Zimmer
Depois dos sessenta, é recomendável que se comece a “pensar sobre o morrer”. Os kardecistas têm essa questão equacionada. Entre os cristãos, creio que devemos ao nosso querido Júlio de Queiróz belas páginas sobre o tema, abordagem iniciada, penso, com o livro “Iluminando o Morrer”.
Ao longo desses quase dez anos decorridos do AVC que acometeu nosso querido Lauro Zimmer, tenho refletido sobre esse assunto tão desagradável quanto inevitável. Em termos de convívio, essa “ausência” do Lauro significou uma prova de amor de sua companheira, Sandra, e dos seus familiares, e uma certa “covardia” de seus amigos, que praticamente deixamos de visitá-lo com a frequência que a amizade exigiria.
Agora, é hora de rememorar! Como amigo de infância, convivi com ele e sua família, frequentando a casa dos altos da Rio Branco, onde jogávamos futebol sob uma frondosa figueira.
Na preparação para o vestibular da Faculdade de Direito, em fins de 1965, compartilhamos sonhos e alguns namoricos. Coube a ele imortalizar as tentativas de “assédio” a uma bela colega, compondo uma música irreverente. Durante o curso de Direito, integrou a linha de frente da espirituosidade da turma 1970, então apelidada de “Vila Palmira” (os da época sabem o significado da expressão).
Teve participação proeminente na gestão inovadora e correta do Prefeito Acácio Garibaldi S. Thiago. Seu papel na Educação Catarinense e Brasileira foi singular. Desejo aqui destacar sua habilidade e dedicação na condução, entre 1983 e 1985, dos debates desenvolvidos em cerca de 1.500 reuniões comunitárias, que resultaram no Plano Estadual de Educação, cuja diretriz maior era “A Democratização da Educação”. Dentre as 789 Recomendações do Plano, vale recordar a adoção da eleição dos diretores de escolas estaduais, implementada em 1985. Enfim, nos despedimos de um amigo cuja personalidade – exuberante, inteligente e dotada da alegria de viver – deixa a saudade entre aqueles que gostam de celebrar bons exemplos.”
Foto: arquivo de família, divulgação