É inadmissível a permanência de Eduardo Cunha (PMDB) na presidência da Câmara, cargo que é o terceiro na linha sucessória federal. Há fortes indícios de que a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi adiante por motivações políticas. Mas o fato é que ela é contundente e rica em detalhes escabrosos. Cunha foi denunciado ao STF, assim como o mais do que notório Fernando Collor, por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no vácuo das investigações da Operação Lava-Jato. Coisa grossa, envolvendo centenas de milhões de reais.
Evidentemente que ninguém pode ser condenado previamente – o STF ainda não se manifestou sobre se aceita ou não a denúncia – mas para cargos da envergadura do ostentado por Cunha existe uma liturgia. Ninguém está pedindo que ele renuncie ao mandato, mas que se afaste do comando da Casa até o desfecho judicial de seu caso. A perspectiva é a de preservação das instituições, ainda mais com o Executivo enfraquecido e parte do Judiciário aparelhado, a permanência de um presidente da Câmara denunciado no cargo contribui para aprofundar a
crise política. Pelo geral da nação, afasta-te daí, Cunha!
Efeito Cunha
Expectativa nas fileiras do PMDB. Se Eduardo Cunha virar réu e o operador-lobista do partido, Fernando Baiano, negociar a delação premiada, o partido corre o risco de ir pelo caminho do PT quando o assunto é desgaste junto ao eleitorado.
Foto: Ag. Câmara, arquivo, divulgação