De uma hora para outra, Dilma Rousseff resolveu fazer política partidária no melhor estilo corpo-a-corpo. Ela chamou Michel Temer, vice-presidente, e Renan Calheiros, presidente do Senado. Dos dois, ouviu pessoalmente, em separado, que eles não fariam indicações para uma nova equipe ministerial, que teria menos pastas na Esplanada.
Ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a presidente tocou o telefone. Mas ele também se recusou, de viva-voz, a participar da iniciativa dilmista. Os movimentos coordenados do trio sinalizam para dois cenários: no primeiro, o PMDB estaria sendo fiel ao seu estilo fisiológico e fazendo jogo duro para pegar mais e melhores cargos, Tipo o ministério da Saúde ou Educação, com orçamentos robustos. No segundo, terrível para a inquilina do Palácio do Planalto, o Manda Brasa pode ter dado um passo decisivo na direção do rompimento e do desembarque da nau petista.
Neste contexto, a frágil sustentação política da petista iria à lona, tornando sua posição no cargo número um da República praticamente insustentável. Mas, ao que tudo indica, o jogo duro do PMDB tem o objetivo exclusivo de reforçar a sanha da legenda por cargos. As primeiras informações de bastidores apontam para o fortalecimento da presença peemedebista na esplanada, com ministérios como o da Saúde ou da Indústria e Comércio (e mais uns dois para ser loteado entre os congressistas do PMDB). O que permite concluir que a presidente agora é, sim, refém do velho Manda Brasa, que, gentilmente, ajudou a manter 26 dos 32 vetos da presidente à chamada pauta-bomba do Legislativo.
Sem gestão
Ex-ministro Antônio Delfim Netto, uma figura fora da curva por sua inteligência e perspicácia, também não está mais defendendo a presidente Dilma Rousseff, como vinha se posicionando desde o início do ano. Ele admitiu, publicamente, que a petista é uma trapalhona e está fazendo inúmeras bobagens.
Condicional
Da série movimentos da política nacional, também é emblemática a declaração do senador José Serra, admitindo que o PSDB pode até apoiar um mandato-tampão de Michel Temer na presidência. Desde que o PMDB se comprometa a implementar o parlamentarismo em 2018. Um dos motivos que levou o próprio Serra e outras lideranças a fundarem o PSDB, em 1988, foi justamente a defesa do sistema parlamentarista no Brasil.