Quem assistiu ao programa televisivo do PMDB que estreou em rede nacional na quinta-feira, 24, à noite, ficou com uma dúvida seríssima. O partido, que é governo desde a redemocratização, teria, de fato, assumido o comando do país? A peça valoriza a imagem e a união em torno do vice-presidente Michel Temer e está toda baseada na polêmica declaração dele, em agosto, quando afirmou que era preciso “alguém para reunificar o país.” O título do vídeo é “a hora de reunificar sonhos.” Ali, aparecem mais de 50 peemedebistas, todos mandando uma série de recados, alguns diretos, outros subliminares, ao PT e ao governo.
Garantindo a governabilidade
Ao fim e ao cabo, o apoio do PMDB para evitar a aprovação da chamada pauta-bomba no Congresso esta semana não tinha relação direta apenas com mais ministérios e cargos. O partido também procurou preservar as condições de governabilidade para o caso de Michel Temer assumir a presidência. Se os vetos da presidente fossem derrubados, haveria bilhões em novas despesas, inviabilizando o país, independentemente da figura ou do partido situado no poder central.
Rainha da Inglaterra
Importante observar que a hipotética posse de Temer parece mais distante. O programa do PMDB foi ao ar no momento em que a presidente da República estava em viagem aos EUA. As afrontas peemedebistas na ausência dela permitem concluir o partido quis passar a mensagem de que quem manda agora é ele, PMDB. Quadro que talvez permita à Dilma concluir o segundo mandato, mais ou menos como uma Rainha da Inglaterra.
Fiel escudeiro
Embora vice-governadores tenham estrelado o programa nacional do PMDB quinta à noite, o catarinense Eduardo Pinho Moreira não apareceu. Cedeu o espaço a seu fiel escudeiro, que foi candidato a prefeito de Criciúma na eleição suplementar de 2013, o deputado federal Ronaldo Benedet.
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