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Aquecido, mercado imobiliário busca mão-de-obra qualificada

Custo dos operários pode representar até 33% do total da obra e consultores imobiliários precisam estar atentos às variações deste cenário

Um bom corretor imobiliário não é apenas aquele profissional que sabe vender um imóvel, ou que vai atrás da casa dos sonhos de seus clientes em meio à imensidão de ofertas de uma grande cidade. É preciso estar atento ao cenário econômico, às variações do mercado e também ao impacto da mão-de-obra na construção civil.

A recomendação é de Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba. “Nós, como consultores imobiliários, precisamos estar bem informados a respeito de tudo que impacta no valor final de cada produto da indústria que será oferecido aos nossos clientes. É nosso dever nos manter atualizados sempre”, afirma. Em seus encontros mensais, a Confraria realiza palestras com especialistas do mercado sobre temáticas diversas relacionadas à indústria imobiliária e da construção civil.

E quanto representa o custo da mão-de-obra na construção civil? Ilso José Gonçalves, CEO da JBA Imóveis, relata que o valor gira em torno de 33%, em média, do custo total do empreendimento.

“Quando você coloca terreno, mão-de-obra e material, representa no mínimo 25%. Claro que depende muito do terreno, quanto mais nobre a localização, o terreno representa mais percentualmente do custo da obra. Mais material e mão-de-obra, em média, chega a 33%. Era menor no passado, mas estamos percebendo um avanço. Em Portugal, temos informações recentes de que a mão-de-obra já representa metade do custo da obra. Isso deve ser cada vez mais significativo por aqui”, avalia.

*Setor aquecido x informalidade*

A percepção é embasada nos dados do setor: em meio ao aquecimento da construção civil, em especial nos últimos três anos, são 60 mil os trabalhadores empregados em Curitiba e Região Metropolitana, segundo levantamento do Sinduscon-PR, o Sindicato da Construção Civil do Estado do Paraná. O que chama atenção, porém, é o aumento da informalidade.

“Nosso número de lançamentos está estável, apesar do aumento das vendas. Ou seja, teremos baixa nos estoques. Mas, já testemunhamos a falta de mão-de-obra: metade dos trabalhadores estão na informalidade, pelas estimativas do Sinduscon-PR. São mais de 60 mil trabalhadores ‘avulsos’. Em geral, eles atuam em pequenos reparos e serviços, ganhando o dobro do que ganha um registrado, pois não têm os descontos, encargos nem horários fixos”, detalha Carlos Cade, presidente do Sinduscon-PR.

Além disso, segundo Cade, a fiscalização reduzida em pequenas obras incentiva a informalidade do setor. “Vemos mais em pequenos serviços e na periferia urbana. Junto ao CREA-PR e outras entidades, nós buscamos orientar e mostrar os riscos de ser informal. O pior cenário é em casos de acidentes, em que o trabalhador ficará sem amparo nem cobertura de saúde”, alerta.

O Paraná está conseguindo reduzir a informalidade nos canteiros de obras em 30% graças a um projeto encabeçado pelo Sinduscon-PR e entidades parceiras. O resultado positivo do Comitê de Incentivo à Formalidade foi destaque e exemplo de boas práticas durante o 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção, realizado recentemente em São Paulo. O Comitê é coordenado pelo Sinduscon-PR, ao lado do Sinduscon-Norte/PR, Sinduscon-Noroeste/PR, Sinduscon-Oeste/PR, Secovi-PR, CREA-PR, Asbea-PR, Ademi-PR, Apeop-PR, MTE (SRTE-PR), SMTE, FIABCI, Sineltepar, Fundacentro, FIEP, IEP, INSS, SETP, Fetraconspar, MPT (PRT 9ª Região).

*Qualidade da mão-de-obra*

Segundo Ilso José Gonçalves, não adianta investir em materiais de qualidade para um empreendimento sem mão-de-obra qualificada para a execução do serviço. “Muitas vezes adiamos o início de uma obra, aguardando a chegada de trabalhadores qualificados. Caso contrário, não teremos um imóvel de qualidade, já que muitos dos processos ainda são artesanais. Damos muito valor a esse aspecto, e aos empreiteiros que contratam essas equipes previamente e levam seus times às construtoras e incorporadoras”, garante.

“Nosso mercado está em expansão e contratando. As oportunidades existem e as vagas precisam ser preenchidas por gente séria e qualificada. Quem olhar por aí vai ver que Curitiba está cheia de canteiros de obras, tapumes de lançamentos imobiliários. Cenário ideal para contratação de mão-de-obra qualificada, tanto de pessoas em início de carreira quanto de profissionais mais experientes. Basta ter vontade e ser um profissional competente e dedicado”, finaliza Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba.