Blog do Prisco
Coluna do dia

Arranjo político tira o governador de SC em meio a novas previsões de chuva forte

Arranjo político tira o governador de SC em meio a novas previsões de chuva forte

Essa história de o presidente da Assembleia Legislativa ou do Tribunal de Justiça de Santa Catarina assumir interinamente o governo começou a ganhar força na Era Luiz Henrique da Silveira.
Ocorreu, com menos frequência, em governos anteriores, como os de Jorge Bornahusen e Esperidião Amin.
No período de LHS, contudo, foi uma festa. Todo o presidente de outro poder acabava assumindo o Executivo.
Convenhamos que isso não tem o menor cabimento. O Governador foi eleito para governar. Se acaba impedido por alguma situação de força maior, ok, que o vice ou a vice assuma.
Jorginho Mello iria para os Emirados Árabes no começo de outubro, viagem que acabou cancelada em função do dilúvio que assolou Santa Catarina. Lá ficaria por duas semanas.
Agora inventaram uma agenda no Panamá, sem o menor sentido prático para Santa Catarina. Toda a engenharia política é para que o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, João Henrique Blasi, assuma por cinco dias o governo. Cinco dias!

Visita de médico

Para que isso ocorresse ontem – a transmissão do cargo foi efetivada às 14h de terça-feira, 24 – a vice-governadora, Marilisa Bohem, voou ao Chile também em uma agenda com ares de perfumaria; e o presidente da Assembleia, Mauro de Nadal, acompanha Jorginho à América Central.

Correria

Tudo em ritmo de Fórmula 1, já que Blasi renunciará à presidência do TJSC no começo de novembro. A complexa e célere engenharia envolve, ainda, a eleição, por consenso, do sucessor de Blasi no Tribunal. Houve um grande acordo para que o atual vice, Altamiro de Oliveira, assuma por quatro meses.

Tudo certo

A eleição no Tribunal será em dezembro e a posse lá em fevereiro de 2024. O acerto é para eleger o desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto e evitar nova disputa interna na corte estadual.

Pijama

João Henrique Blasi vai se aposentar ao longo do próximo exercício, ou seja, também em 2024. Antes de assumir como desembargador, Blasi foi deputado estadual. Era filiado ao MDB e conviveu por pelo menos dois mandatos com Jorginho Mello no Parlamento estadual. A presidência da Alesc hoje está sob a batuta do Manda Brasa.

Gesto fora de hora

Jorginho liderou todo esse arranjo para agradar um velho conhecido e colega de Parlamento e que hoje tem grande influência nas hostes do Judiciário catarinense?

Perigo iminente

Não custa contextualizar, ainda, que o governador estará fora de Santa Catarina durante o fim de semana, quando as previsões indicam nova onda forte, e preocupante, de chuvas sobre o estado. Aqui é imperioso abrirmos um parêntese. Jorginho liderou com muito trabalho, energia e assertividade a prevenção e a reação de Santa Catarina diante da quantidade assombrosa de chuvas que caíram no território estadual neste outubro que já entra para a história. Fecha parêntese.

Timing

Passou da hora de puxar o freio de arrumação neste tipo de arrumação política que, no final das contas, só atende a interesses muito pontuais.

Cara de paisagem

Outro aspecto que confirma a correria para construir todo este cenário. Não foi emitida sequer uma nota oficial do governo do Estado informando sobre a viagem de Jorginho Mello e comitiva, bem como a posse interina de João Henrique Blasi. Ou seja, os acordos foram no abafadinho e meio que na surdina.

Barraco on line

Fabrício Oliveira, o prefeito de Balneário Camboriú que se filiou ao PL na reta final da campanha eleitoral de 2022 – um movimento deveras oportunista – e que estará desempregado a partir de 1ᵒ de janeiro de 2025, segue aprontando das suas.
Ao celebrar na internet a amizade eterna (nas palavras dele) com o ex-prefeito Rubens Spernau, criado por Leonel Pavan, o alcaide mereceu uma resposta provocativa de outro ex-prefeito, Edson Piriquito.

Barril de pólvora

Piriquito citou a Cosip, setor que é alvo de desconfianças desde o primeiro governo de Fabrício, e sugeriu que o plano diretor é conduzido por Spernau, que atende a interesses e grupos bem conhecidos.

Nível

Fabrício baixou o nível ao devolver a provocação afirmando que o importante era que o encontro deles não fosse no Gaeco (insinuação aos problemas policiais que envolveram a gestão Piriquito).

Extrema esquerda

Na tréplica, Piriquito tornou público aquilo que todo mundo sabe nos bastidores. Um advogado do PT, que atende pela alcunha de Pingo, tem grande influência no governo.
É de extrema esquerda assim como outros colaboradores de Fabrício, que se diz cristão e de direita. Será mesmo?

Raízes

Por fim, não custa lembrar que o próprio Fabrício começou para a política no PSDB e ligado a Pavan e a seu grupo.
Estaria o prefeito fazendo o jogo político baixo de sufocar o projeto do PL na cidade para devolver o comando de Balneário à sua raiz política?