Coluna do dia

As crises de Bolsonaro

Depois de 17 dias, número emblemático, Jair Bolsonaro deixou o hospital esta semana. Já sem a incômoda bolsa de colostomia. A debilidade física foi embora, mas a ausência do “mito” por quase três semanas produziu estragos no governo.

O secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, foi levado ao cadafalso pelo filho mais novo de Jair, Carlos Bolsonaro. Conhecido como Pit Bull, o vereador carioca escalou a tribuna do twitter para chamar de mentiroso um dos assessores mais próximos de seu pai. O jovem  também deu entrevista na mesma direção para uma rede de TV. O pai sugeriu que endossou – e que combinou o jogo com o filho – , replicando parte das manifestações nas redes sociais.

Bebbiano despacha na antessala do poder. Farejou que a mordida do Pit Bull foi autorizada pelo pai presidente. Bolsonaro e seu governo foram arrastados ao centro da crise das supostas candidaturas-laranjas do PSL, com produções de candidatos cítricos pelo menos em Pernambuco e Minas Gerais.

 

Senhor presidente

Bebbiano presidia o PSL na época da campanha, quando valores expressivos foram repassados a candidatos inexpressivos, que teriam “imprimido” materiais de campanha em gráficas inexistentes.  Convidado a se explicar, Bebbiano fez cara de paisagem e disse que estava tudo certo, que num mesmo dia havia conversado três vezes com Jair Bolsonaro. O filho rugiu e desmentiu o ministro publicamente.

 

Cortar o mal

Claramente, o presidente quer tirar a crise alaranjada do centro da incipiente gestão. Mas isso significa passar o recibo de que nomeou para sua vizinhança um ministro que exala odor de laranjas podres.

 

Não sai

Bebbiano sinaliza que não vai pedir demissão, mesmo depois da carraspana pública que jogou sua moral, já sob suspeita, aos abutres. Não bastasse as graves suspeitas que pairam sobre o rebento mais velho da estirpe presidencial, o senador Flávio Bolsonaro, cujo um dos assessores parecia recolher parte dos proventos de vários funcionários de seu gabinete quando era deputado estadual, agora o mais novo do clã jogou gasolina em uma administração que começa a soltar faíscas aqui e ali. É a fórmula mais simples e mais curta para incendiar a esplanada e o Congresso.

 

Incêndio anunciado

Com 45 dias de gestão, os filhos do presidente e seus ministros mais próximos, Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni, além de Bebbiano (e vários outros titulares ministeriais), também têm situações a explicar, vão aproximando, e talvez misturando a administração do setor mais radioativo de Brasília e do Brasil: o da corrupção!

 

Contaminação

A briga pública entre Bebbiano e Carlos Bolsonaro já respingou no Congresso. A polêmica deputada Joice Hasselmann saiu em defesa do ministro, um sinal nada bom para o Planalto. Alexandre Frota, outro parlamentar no mínimo polêmico do PSL, também foi a público e disse, suavemente: “quero que se f….”. São os primeiros sinais de que o velho e bom salve-se quem puder ainda vigora no universo político tupiniquim.

 

Liderança

Ex-governador Esperidião Amin, de volta ao Sendo para cumprir o segundo mandato na Câmara Alta, será o líder da maioria no Senado. Está alinhadíssimo e diz em alto e bom som que fará de tudo para que o governo Bolsonaro dê certo. Sem sombra de dúvidas, a experiência do catarinense pode ajudar bastante os iniciantes do PSL!

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