Há revolta e indignação nas fileiras da Polícia Militar de Santa Catarina em relação ao promotor de Justiça de Criciúma que pediu explicações à Secretaria de Segurança Pública.
Jadson Javel Teixeira, titular do MPSC na cidade, questionou a SSP sobre a inexistência de um confronto com a quadrilha ou a tentativa de frustrar o mega-assalto realizado na maior cidade do Sul do estado, ocorrido no início deste mês.
A ofensiva de Teixeira foi como jogar gasolina numa fogueira. Acendeu a ira dos oficiais.
A Associação que representa a categoria, a Acors, emitiu nota oficial subscrita pelo seu presidente, Sérgio Sell. E a Federação Nacional, a Feneme, presidida pelo catarinense Jorge Tezza, emitiu comunicado aos seus pares. Ameaça levar o caso até o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e tomar outras providências. A indignação é irrestrita e generalizada. Confira:
NOTA DA ACORS
“Referenciando a Portaria nº 0001/2020/04PJ/CRI, de 07 de dezembro de 2020, que instaura
procedimento preparatório para promover diligências, visando apurar os fatos referentes ao assalto a
banco ocorrido na cidade de Criciúma no dia 01 de dezembro de 2020, com repercussão nacional, “…
responsabilidades, por ação ou omissão, …”, vimos a obrigação de manifestação dessa Associação,
enquanto entidade representativa dos Oficiais Militares Estaduais e defensora das Instituições
Militares Estaduais de Santa Catarina.
Inicialmente endossar a manifestação do Cel Marlon Jorge Teza, Presidente da FENEME, que
expôs posicionamento firme decorrente do descrito pelo Sr. Promotor de Justiça.
Todavia, ainda acrescentamos:
1. Vivenciamos no dia 01 de dezembro um verdadeiro ato de guerrilha urbana, com armamento e
munição utilizados apenas por forças armadas militares em tempos de guerra, onde podemos
afirmar que nenhuma polícia, no mundo, teria uma tropa preparada para ser utilizada em pronto
emprego naquele tipo de situação;
2. A situação ocorrida foi excepcionalíssima e sem precedentes na história do nosso Estado, não sendo
correto exigir que um Batalhão de Polícia Militar de emprego ordinário tenha condições de
enfrentar com sucesso aquele tipo de delito;
3. Analisar a situação, atrás de uma mesa e de cabeça fria é muito fácil, muito diferente daqueles que
estavam na linha de frente naquele dia, onde tiveram que tomar decisões em segundos, visando
preservar vidas e a segurança da população de Criciúma;
4. Avaliar se as questões suscitadas sobre falta de comunicação e dos grupos de inteligência dos
órgãos de segurança pública, incluindo o próprio Ministério Público, são importantes, pois
evidenciam aspectos que vem à tona somente quanto fatos graves acontecem, mas que são
esquecidos em estado de normalidade;
5. Avaliar se ocorreram falhas na ação é importante, porém mais importante é analisar de que forma
podemos melhorar a atuação dos órgãos de segurança pública e da persecução criminal, que juntos,
com trocas de informações, poderiam ter evitado ou diminuído a extensão do fato ocorrido em
Criciúma;
6. A divulgação da Portaria do MP em mídia escrita, expôs mais uma vez a falta de comunicação entre
os diversos órgãos, pois, como Controlador Externo da Atividade Policial, poderia inicialmente
questionar e, sendo necessário, expôs à sociedade os problemas encontrados e as melhores formas
de solucionar. Da forma como foi exposto, causou maior preocupação à Sociedade sobre a atuação
dos órgãos.
Como Entidade representativa, com preceito estatutário de Defesa de seus associados e das
Corporações Militares Estaduais, a ACORS atuará para que sejam esclarecidos os fatos e abordados,
perante o MP, os demais órgãos da Segurança Pública e a sociedade, formas de melhorar essa atuação,
com a união de esforços, e não querendo encontrar culpados.
Não podemos aceitar que a Polícia Militar de Santa Catarina, instituição com mais de 185 anos
de existência, considerada uma das melhores do Brasil, seja vilipendiada em suas ações e
desacreditada em decisões que devem ser tomadas em segundos, mas que tem que ser tomadas para
salvaguardar a vida.
Vamos acompanhar o desenrolar dessa investigação, zelando pela defesa da sociedade.
Sérgio Luís Sell, presidente da Acors”
COMUNICADO DA FENEME
“Prezado Oficiais, sobre a atitude de membro do MP achamos uma afronta da referida autorida, gerando até revolta. Estamos aqui na FENEME – Federação Nacional de Oficiais Militares, estudando medidas e até, se for o caso, encaminhar ao CNMP Conselho Nacional do Ministério Publico o fato, visando verificar a atitude do promotor em questão, pois visivelmente demonstra pretender, parece “visibilidade” como “bom moço ” e ridicularizando as instituições Polícias estaduais sem conhecer os detalhes do ocorrido antes de tal “instauração de procedimento formal”.
E mais, documento divulgado e repercutido abertamente imprensa o que é pior.
As perguntas que ficam:
1- Por que ele não busca esclarecer quais os motivos das armas de uso restrito estarem nas mãos de assaltantes e a PF não impediu?
2- Por que os assaltantes possuiam mais de 200Kg de explosivos e o Exército não fiscalizou e impediu?
3- Por que assaltantes transitaram mais de 500 Km com veiculos roubados/furtados em rodovias federais e a PRF não fiscalizou e impediu ?
4- Por que a PF não fiscalizou e realinhou o sistema de vigilância física e eletrônica do estabelecimento financeiro (BB) visando dificultar uma ação como essa?
5- O Promotor em questão visitou o Soldado Esmeraldino, equipe médica e/ou familiares, ou ainda, o Cmdo Local da PM para verificar a situação grave do mesmo?
6- Quantos inocentes da sociedade poderiam ter perdido a vida em caso de uma ação precipitada da PM?
Muitas outras perguntas ficam no ar e devem ser respondidas antes de um desatino e afronta dessas.
Também penso que esse desatino deva ser individual de um membro do MP e não de todas a instituição, pois se assim fosse, penso que como primeira atitude seria de as Polícias, grande esteio dos GAECOs, retirarem seu efetivo de lá.
Interessante, a PM é tida como “parceira” publicamente para tudo, porém nestes momentos vemos que parece não ser bem assim.
Estou aberto às criticas, pois o momento é desabafos.
Em tempo, Para esclarecer:
A critica não é à outras instituições e sim a referida autoridade, a qual não indagou em procedimento formal outras instituições de segurança pública fazendo-as, absurdamente, somente à PM e PC.
Um fraternal abraço a todos.
Marlon Jorge Teza Coronel PM – Presidente da FENEME”
foto>Foto: Lucas Renan Domingos / Portal Engeplus