Representantes do governo do estado falam, falam, falam, mas não conseguem explicar a compra superfaturada de 200 respiradores que ainda não foram entregues e que dificilmente chegarão às unidades de saúde em Santa Catarina.
As explicações não são convincentes, não são consistentes. Até porque estamos falando de R$ 33 milhões que evaporaram, sumiram. Obviamente que já não estão mais na conta da empresa laranja que recebeu a bolada.
Justamente para combater este tipo de situação é que foram criadas a Secretaria de Governança e a Controladoria Geral do Estado na atual gestão. Deveriam dar mais transparência ao uso dos recursos públicos estaduais, mas o que se observa é justamente o contrário.
Parece até que a administração estadual ficou mais vulnerável sob o aspecto do rigor com as verbas públicas. Porque essa alegação do governo de que alguma coisa foi detectada no dia 24 de abril é conversa mole. Depois de consumado o fato, depois que meteram a mão na grana, Inês é morta.
Antecipar é preciso
Esses organismos de controle só fazem sentido de existir se conseguirem detectar irregularidades antes de o dinheiro sair do caixa estadual.
Ainda mais num caso como esse, em que o recurso foi depositado antes da chegada do material, o que, digamos, não é comum. E ainda tem o aspecto da dispensa de licitação, que, todos sabem, facilita e muito ações de gente mal intencionada.
Muito poder
Também não dá pra aceitar a fala do ex-secretário Helton Zeferino, de que apenas teria assinado o processo para consumar o negócio, o que o isentaria de participação em qualquer tramoia (o colunista reitera que não acredita eu Zeferino tenha se envolvido em algo para lesar o estado, mas o cargo que ocupava lhe trazia responsabilidades enormes sobre a pasta). Mas então quer dizer que um assunto dessa magnitude, envolvendo R$ 33 milhões, é decidido e consumado pelos escalões inferiores do governo?
Passe de mágica
Você, leitor, cidadão comum, experimente ir ao banco para retirar mais de R$ 5 mil. Normalmente, virou um processo burocrático e quase que te investigam antes de liberar a grana. E daí no governo em pouco mais de cinco horas se consuma uma transferência milionária dessas? Convenhamos.
Sepulcral
Outro aspecto que vem gerando desconforto na administração estadual. O silêncio e a quase que inércia do governador Moisés da Silva.
Ele ainda não disse que tinha ou não conhecimento dessa situação. Principalmente porque há fortes suspeitas de que um integrante do colegiado teve participação direta para auferir vantagem ilícita. Quadro que leva outros colaboradores a pedirem atitude firme e célere do governador, o que até agora não aconteceu.
Impedimento
Líder do governo Moisés da Silva até o final do ano passado, o deputado Maurício Eskudlark vai protocolar, nesta quarta-feira, o pedido de impeachment do governador. Hoje, a CPI craida pela Assembleia já começa a funcionar e o trabalho do Gaeco, que é quem devemos apostar as fichas para solucionar esta celeuma, avança a passos largos na sua investigação. Não seria de se espantar se alguém já estiver preso quando o leitor estiver passando os olhos nestas linhas.
No mais, não há como dar crédito a estas investigações e apurações abertas em diferentes órgãos da máquina estadual.