Ex-prefeito da Capital, ex-deputado estadual e federal, ex-vereador, ex-dirigente partidário e fundador do MDB, Edison adrião Andrino de Oliveira se desfiliou da sigla depois de 53 anos! Baixa emblemática e histórica nas hostes do Manda Brasa. Confira a carta que Andrino encaminhou ao presidente estadual
“Ao Presidente do diretório estadual de Santa Catarina, Celso Maldaner
Cumpri 37 anos de mandatos, eleito vereador, deputado estadual, prefeito de Florianópolis, deputado federal e novamente deputado estadual, sempre pelo MDB/PMDB. Por dez anos, presidi o PMDB na capital do estado. Iniciei minha trajetória política participando da criação do MDB em Santa Catarina em 1966, ano em que disputei minha primeira eleição a vereador em Florianópolis com 19 anos, num tempo em que o ímpeto da juventude reforçava a coragem para enfrentar a ditadura militar e o sonho de redemocratizar o país.
Fui escolhido candidato a prefeito na maior convenção que o Partido já viu, que levou sete mil filados ao ginásio do SESC na Prainha. Sai vencedor numa eleição memorável, em 1985, para uma gestão de apenas três anos que, embora curta, foi marcante, com a criação dos polos de informática e do vestuário da cidade, do transporte de barcos da Costa da Lagoa, da rede de esgoto da Lagoa da Conceição, do Terminal Cidade de Florianópolis, da Passarela Nego Quirido, o tombamento de todos os conjuntos arquitetônicos da cidade e tantos outros projetos e obras que até hoje beneficiam a comunidade.
Na Câmara dos Deputados, consegui a aprovação da Emenda Constitucional 46, que retirou do domínio da União a Ilha de Santa Catarina e permitiu a legalização de suas terras.
Posso dizer que a vida política me ofereceu oportunidades, relacionamentos e me proporcionou fazer amigos. Conheci e convivi de perto com figuras públicas como Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Franco Montoro, Tancredo Neves, Pedro Simon e tantos outros. Sempre mantive posições coerentes com meu pensamento político, por isso muitas vezes fui considerado independente, quase um dissidente no Partido. Lembro bem quando considerei erro estratégico a disputa presidencial via colégio eleitoral com Tancredo após a derrubada da Emenda Dante de Oliveira no Congresso, que pretendia restabelecer as eleições diretas à presidência.
Em Santa Catarina, soaram somente duas vozes dissidentes, eu e o então senador Jaison Barreto. Mais que estratégico, foi um erro histórico, Tancredo morreu antes de assumir, Sarney governou, e o PMDB não acertou mais o passo. Na eleição seguinte, o grande Ulysses fez 4% dos votos. Uma tragédia.
Lutei com meus ideais, vi o partido fazer bons governos em Santa Catarina, mas também acumular contradições no plano nacional e estadual. No plano nacional, o partido foi contaminado. Figuras como Jucá, Renan, Geddel, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e muitos outros conduziram o PMDB ao atoleiro de onde não consegue sair. O Partido acumula desgaste, faltam propostas.
Por isso decidi fechar um ciclo, pedindo minha desfiliação após 53 anos. SEM MÁGOAS, QUE SE HOUVE O VENTO JÁ LEVOU. Peço nesta data o cancelamento de minha filiação ao Partido e que a desfiliação seja comunicada a Justiça Eleitoral.
Edison Andrino de Oliveira
30/09/2019″
foto>divulgação